Relatório que projeta Reino Unido após Brexit sem acordo eleva histeria
Não é exagero dizer que o Reino Unido se transformou num caldeirão de acusações, desconfiança e um certo pavor pelo que está por vir. O mais novo ponto de fricção entre apoiadores e detratores do Brexit é um documento oficial do governo divulgado na última quarta-feira (11) que demonstra as projeções mais pessimistas do próprio Governo sobre o que pode acontecer no país após a separação sem acordo.
O texto relata que certos tipos de alimentos frescos e determinados ingredientes vão faltar nas prateleiras dos supermercados e que os preços dos combustíveis e também dos produtos alimentícios podem subir e afetar drasticamente os mais pobres. Protestos devem se espalhar pelo Reino Unido, medicamentos e produtos hospitalares devem ter suas distribuições afetadas por pelo menos seis meses.
Tudo isso, continua o documento oficial do governo britânico, está diretamente relacionado ao caos que deve se transformar a fronteira britânica com o continente. Os caminhões que cruzam o Canal da Mancha pelo Eurotúnel devem enfrentar filas de até dois dias para fazer a travessia que leva meia hora.
Já disse, duas vezes, mas vale repetir a terceira para evitar confusão: Este cenário foi projetado pelo próprio governo britânico.
O documento que avalia a pior situação possível teve que ser liberado para o público depois que o Parlamento impôs a decisão. E o texto, evidentemente, só elevou a histeria por aqui já que está claro que os britânicos estão se preparando para uma situação de guerra.
A oposição quer usar esse texto para antecipar a volta dos trabalhos no Parlamento e debater as consequências do Brexit sem acordo. Pesa também a decisão da corte escocesa que julgou a suspensão do Parlamento como ilegal e ainda concluiu que Boris Johnson enganou a rainha no processo para conseguir aprovação para sua manobra política.
Os apoiadores do primeiro-ministro se apoiam na remota, porém existente, possibilidade de um novo acordo com a União Europeia ser alcançado nos próximos dias. Somente uma reviravolta extraordinária pode salvar a reputação do recém-empossado primeiro-ministro neste momento. E essa virada pode vir de onde há mais legitimidade em qualquer democracia, que são as urnas.
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