Relatos de violência dentro de casa aumentam 431% com distanciamento social

A preocupação com o aumento da violência contra a mulher durante o isolamento mobiliza autoridades e desperta a atenção do congresso. Uma pesquisa inédita do Fórum Brasileiro de Segurança aponta que, entre fevereiro e abril desse ano, houve um aumento de 431% nos relatos na internet sobre brigas de casais.
Aproximadamente 53% do total de relatos postados em uma rede social foram realizadas no início da madrugada. Os números também mostram que o gênero feminino foi o que mais reportou discussões.
Segundo o Ministério Público de São Paulo, foram decretadas 2.500 medidas protetivas para mulheres em caráter de urgência em março, contra 1.900 no mês anterior. A promotora de justiça, Valéria Scarance, diz que alguns fatores levam homens com histórico de violência a ficarem mais agressivos no isolamento.
A Organização das Nações Unidas e Organização Mundial de Saúde pedem que governos tratem o tema como prioridade durante a pandemia. Dois projetos de lei foram recém-apresentados no Senado, após o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos registrar aumento de 9% no Ligue 180.
A proposta da senadora Rose de Freitas possibilita o registro de ocorrência pela internet com autorização de depoimento da vítima em casa. Outro projeto do senador Izalci Lucas acrescenta uma regra à Lei Maria da Penha que reconhece a urgência dos processos de agressão à mulher mesmo durante plantão extraordinário do Poder Judiciário.
Dados do Ministério Público de São Paulo mostram um aumento de 51,4% nas prisões de agressores em flagrantes durante o período de isolamento. A promotora Valéria Scarance pede que a mulher sempre tente buscar ajuda.
As Delegacias de Defesa da Mulher, a Casa da Mulher Brasileira e os Centros de Acolhimento continuam funcionando normalmente. Em São Paulo, também é possível fazer as denúncias pela internet, no site www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br.
*Com informações da repórter Livia Fernanda
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