Reservatórios de água recuperam capacidade, mas ainda não atingem patamar ideal
Segundo especialistas, Brasil pode voltar a correr riscos de apagões
Os níveis dos reservatórios que geram energia elétrica no Brasil melhoraram de 2021 até agora. O sistema não entrou em colapso, como as autoridades temiam. Entretanto, eles ainda não recuperaram o patamar ideal a ponto de uma nova crise hídrica em 2022. Em maio de 2021, pela primeira vez em quase 100 anos, o Sistema Nacional de Meteorologia emitiu um alerta de emergência hídrica ao Centro Nacional de Monitoramento de Alerta de Desastres a fim de evidenciar que milhões de brasileiro poderiam sofrer com o apagão devido à falta de chuvas na região centro-sul.
Apenas em 2021, os prejuízos da seca e estiagem ultrapassaram R$ 33 bilhões, afetando municípios de todas as regiões do país. Os impactos econômicos se arrastam por anos. De 2012 até o ano passado, o total foi de R$ 336 bilhões tanto no setor público quanto no privado. A área mais impactada foi a agrícola seguida pela da pecuária. Cláudia Lins, gerente de sustentabilidade da Confederação Nacional de Municípios (CNM) destaca que é inconcebível um país de dimensões continentais como o Brasil passar apuros por escassez hídrica. “A gente não pode ficar a mercê de ‘choveu muito choveu, não choveu’… A gente tem condições. Um país como o Brasil, uma dimensão continental, tem um potencial muito grande de energia eólica, energia solar, biomassa, combustível derivado de resíduos, dentre tantas outras possibilidades que a gente tem, energia produzida por metano, por exemplo, dos aterros sanitários, o que não falta são possibilidades. Sem dúvida nenhuma, um país como o Brasil tem possibilidades de não enfrentar crises hidroenergéticas desse nível”, afirma.
Apesar da situação mais confortável do que a vivenciada em 2021, a ordem é de que não se pode baixar a guarda. Todos têm que fazer a sua parte para afastar de vez possibilidade de apagão. O pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais Geovane Dolif indica que, apesar da recuperação, é preciso cautela. “Nesse ano, na estação chuvosa de 2021 para 2022, choveu mais do que vinha chovendo nos anos anteriores. Então, a gente teve uma certa recuperação. Mas numa sequência de duas décadas com predomínio de anos mais secos do que a média pode ainda não ter acabado. Então, apenas um ano com uma boa chuvosa não garante que o problema está resolvido. É possível que, no futuro, a gente possa novamente se ver numa situação de ter pouca água suficiente para gerar energia para o país”, comenta. A energia hidrelétrica representa quase 70% do total da matriz energética brasileira.
*Com informações do repórter Daniel Lian
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