Ricardo Salles: Não temos que ir lá fora dizer que o Brasil é um vilão ambiental
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, exaltou a existência do Código Florestal e ressaltou que o tema interessa, sim, aos produtores rurais. Nessa semana o STF foi acionado pela AGU para que haja aplicação da lei na Mata Atlântica, o que impede a regularização de invasões no bioma.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, Salles deu o exemplo da segurança jurídica que é passada ao trabalhador rural. “Um produtor de café que está lá desde 1930, por exemplo, e do dia para a noite pode precisar deixar o lugar porque se tornou ilegal. Então, sim, faz todo o sentido para o agricultor ter o reconhecimento do código para que ele possa produzir com tranquilidade.”
De acordo com o ministro, por outro lado, é importante colocar distinções. “Os que querem a aplicação do código são os produtores rurais, o dono da propriedade que sai com o trator para trabalhar. Muitos do que não estão nem aí são os operadores de commodities agrícolas, que até mesmo achatam o produtor rural.”
Ele reconhece que “tem coisas que o Brasil pode melhorar”, mas criticou os que “falam mal do país lá fora”. “Não temos que ir lá fora dizer que o Brasil é um vilão ambiental, essa campanha que é feita por brasileiros precisa parar”, disse.
“Temos muitas coisas positivas como o próprio Código Florestal que é nosso, a Amazônia está 84% preservada, 66% da nossa vegetação nativa também é preservada, 84% da matriz de energia é limpa e o etanol que não polui, que é um exemplo para o mundo de combustível renovável.”
Queimadas
Ricardo Salles criticou a postura do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que o acusou de irregularidades na fiscalização. “Lamento que ele esteja fazendo mais esse ato de deselegância”, alegou. Segundo o ministro do MMA, “se a fiscalização não foi mais evidente foi porque as polícias militares, que sempre deram suporte ao Ibama e a ICMBio, não puderam agir da mesma forma em 2019 e 2020″.
Ele lembra que solicitou ao ex-ministro Moro duas vezes a atuação das Forças Armadas na Amazônia — coisa que aconteceu apenas após determinação do presidente Jair Bolsonaro na GLO. “Não é verdade que houve retaliação ou ordem para que não tivesse fiscalização.”
Mas, de acordo com Salles, “não adianta ir só na consequência”. O ministro lembra da necessidade dos créditos de carbono, que agora encontram dificuldades com o fechamento da Europa. “Falam que querem ajudar a Amazônia, mas fecham o mercado e usam a discussão na história do acordo entre o Mercosul e a União Europeia”, finalizou.
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