Ricupero: dúvida é se greve atingirá recuperação de forma temporária ou permanente

  • Por Jovem Pan
  • 16/06/2018 08h52
Divulgação Divulgação Ex-ministro da Fazenda apontou incerteza política como principal problema para o crescimento do País

No início da semana, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, admitiu que o governo poderá rever para baixo a previsão oficial do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2018. Inicialmente, as previsões apontavam para um crescimento de 2,5%, mas o último boletim Focus mostrou que o mercado já não acredita que o número possa ultrapassar os 2%.

“Acho que tivemos certa falta de sorte porque, antes da greve, e agora da deterioração das perspectivas mundiais, tivemos algumas notícias que mostravam um desempenho melhor da economia”, aponta o embaixador Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda, em entrevista exclusiva para a Jovem Pan.

“A arrecadação no mês de maio foi acima de expectativa, os impostos estavam se recuperando, e de maneira geral os índices não são maus. Estava aumentando a produção industrial e até mesmo o transporte de cargas. Problema é saber até que ponto a greve dos caminhoneiros vai influenciar nessa tendência de relativa recuperação de forma temporária ou permanente”, apontou Ricupero.

O embaixador ressaltou também que a greve pode ter influência negativa no índice de confiança de empresários e consumidores, fazendo com que essa recuperação seja ainda mais lenta.

Outro ponto relevante para o Brasil é a atual situação econômica dos EUA. Ricupero lembrou que a economia norte-americana está se aquecendo, a taxa de desemprego pode cair ainda mais e o consumo aumentar.

“O Brasil terá que conviver com dois fenômenos: além desse impacto da taxas de juros americana, tem também o impacto da incerteza política no País”, acrescentou.

Eleições 2018

“Apesar da situação externa, continuo achando que o problema maior é a incerteza interna. Até o momento, não há clareza de qual governo vai sair da eleição e como ele pretende enfrentar o déficit das contas públicas. As campanhas são muito decepcionantes e este é um fator sobre o qual não há o que se possa fazer. Vai depender da tendência do eleitorado, das ideias dos candidatos”, disse o ex-ministro.

“Problema central hoje, das contas públicas, não é nem mencionado nos debates. Infelizmente, não se tem visto apetite para cortar gastos e nem para aumentar arrecadação. A reforma da previdência foi adiada, sem nenhuma perspectiva clara. A dívida interna já está bem acima da média dos países emergente, de 76%. isso vai desafiar qualquer presidente que for eleito. Se não houver encaminhamento, brasil ficará com um crescimento anêmico”, finalizou Ricupero.

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