‘Risco de trombose pela vacina é menor do que em decorrência da Covid-19’, afirma infectologista

Para Renato Kfouri, risco da reação adversa, frente ao problema que vivenciamos, é infinitamente desprezível

  • Por Jovem Pan
  • 19/04/2021 09h25 - Atualizado em 19/04/2021 10h21
ANDRE MELO ANDRADE/IMMAGINI/ESTADÃO CONTEÚDO Profissional da saúde prepara dose da vacina contra a Covid-19 para aplicação Kfouri disse acreditar que os grupos prioritários devem ser vacinados até meados de julho

O pediatra e infectologista Renato Kfouri afirmou que o risco de desenvolver coágulos após a vacinação contra a Covid-19 é muito pequeno e que esse não deve ser um obstáculo na escolha de se imunizar ou não. “Temos praticamente um caso de trombose para cada milhão de doses aplicadas. A incidência é muito menor do que fenômenos de coágulo que a própria Covid-19 leva, muito menor que o risco no uso de pílula anticoncepcional. É uma precaução que agora consta em bula, assim como os raros efeitos colaterais. Assim como um outro remédio, pode ter. Frente ao problema que vivenciamos, o risco de um efeito colateral perto do risco do coronavírus é infinitamente desprezível.”

Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, Kfouri disse acreditar que os grupos prioritários devem ser vacinados até meados de julho. “Temos 77 milhões de pessoas sob alguma condição de risco, precisaríamos de 150 milhões de doses para contemplar esse grupo. Até o fim de julho, com a antecipação de entrega da Pfizer e do Covax Facility, podemos chegar nessa população com pelo menos uma dose.” Segundo ele, a perspectiva a longo prazo, que prevê a transferência de tecnologia e garante a sustentabilidade da produção local, é boa. Mas, no curto prazo, o ritmo é devagar. “Isso significa quase 3 mil mortos por dia. A vacina para a maior parte da população ainda é o distanciamento e o uso de máscara.”

 

De acordo com o infectologista, não é justo comparar os números do Brasil com outros países porque eles variam de acordo com a quantidade de testes. E, por aqui, com certeza há subnotificações porque pouco se testa entre assintomáticos. Mas, de acordo com ele, também há uma questão relacionada com a qualidade da assistência. “A meningite no Brasil, por exemplo, a letalidade fica em 25%. Na Europa, fica em 10%. A qualidade da assistência faz com que a mesma doença tenha comportamentos diferentes em cada país”, disse. Em relação às doses aplicadas em grávidas e crianças de forma errônea no interior paulista, ele disse que erros humanos acontecem por mais que haja capacitação e treinamento contínuo. “É muito pouco provável que tenha algum problema porque a margem de segurança é enorme.” Ele afirmou já ter visto “erros grotescos” em relação a outras vacinas e não se recorda de efeitos adversos graves.

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