Esperança, profissionais dedicados e mais: Como é a rotina de combate à Covid-19 no hospital de campanha do Anhembi

  • Por Jovem Pan
  • 17/06/2020 07h37 - Atualizado em 18/06/2020 09h03
EFE/EPA/ALESSANDRO DI MARCO Há uma semana, o local foi invadido por um grupo de deputados estaduais que entraram no pavilhão sem equipamentos de proteção

Quem vai entrar no maior hospital de campanha do estado de São Paulo tem a sensação de ser um soldado se preparando para uma guerra. Na entrada e na saída do complexo do Anhembi, na zona norte da Capital, é necessário tirar toda roupa, guardá-la e se paramentar com macacão, avental, máscara, touca e óculos.

O silêncio e a concentração dos mais de mil funcionários do local ressaltam a seriedade do combate diário à Covid-19. Mas, para surpresa da reportagem, a esperança é o sentimento que mais está presente em médicos, enfermeiros e pacientes, como conta a aposentada Edite.

Dona Edite é uma das 277 pessoas internadas no hospital de campanha do Anhembi, que tem um total de 1800 leitos. Bancado pela Prefeitura de São Paulo, ele é gerido por duas organizações sociais: o Iabas e a Associação Paulista para o desenvolvimento da Medicina.

A Jovem Pan visitou o complexo nesta terça-feira (16). Ao todo, mais de quatro mil pessoas foram curadas no local, que também registrou quase 30 óbitos.

Estar internado no pavilhão do Anhembi significa passar noites dormindo com luzes acesas, barulhos de geradores de energia e do tráfego da Marginal Tietê. Esse desconforto não é pela falta de cuidado, mas, sim, consequência de transformar, em cerca de 10 dias, um galpão de exposições em um hospital de alta complexidade.

Há uma semana, o local foi invadido por um grupo de deputados estaduais que entraram no pavilhão sem equipamentos de proteção. Eles filmaram leitos da unidade de saúde que estão desativados por falta de demanda acusando a prefeitura de desviar dinheiro público.

O episódio revolta os médicos e enfermeiros do hospital, conforme conta a coordenadora das equipes, doutora Kallinka Castilho. Representando a equipa médica, a doutora Kallinka Castilho explica o sentimento da equipe de trabalhar no hospital.

“O hospital tá aqui, essas invasões que aconteceram foram completamente desrespeitosas para as equipes que trabalham. Você imagina, a gente está aqui todos os dias e chega uma pessoa, põe um vídeo falando que o hospital está vazio, sendo que têm mais de 200 funcionários aqui dentro?”

Dados do governo de São Paulo que o ritmo de aumento de casos da Covid-19 no estado vem caindo nos últimos dias. Na primeira quinze de junho, o aumento de casos recuou 40%. A letalidade do vírus também reduziu de 8% para 6%.

*Com informações do repórter Leonardo Martins

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