Rubens Ricupero: panorama mundial é preocupante e tensão tende a aumentar

  • Por Jovem Pan
  • 31/03/2018 11h55 - Atualizado em 31/03/2018 11h58
EFE Donald Trump e Vladimir Putin podem protagonizar uma nova "Guerra Fria" por conta dos embargos e sobretaxações

O risco de uma guerra comercial com uma ofensiva dos Estados Unidos é cada vez mais evidente. Começou com a sobretaxação do aço passando pelo aumento da ofensiva contra a China, que já anunciou a possibilidade de retaliação. Paralelamente, ainda há o caso Sergei Skripal, que levou a expulsão de diplomatas russos. Isso, sem contar na realização da Copa do Mundo, que pode ser utilizada como uma plataforma política.

Em entrevista ao Jornal da Manhã, o embaixador e ex-ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, explicou que os acontecimentos recentes fizeram com que a situação mundial piorasse muito e caminhasse para uma tensão ainda maior. “A China estava a caminho de um regime com certos limites e agora volta a uma autocracia típica. Na Rússia, tivemos a releição de Putin e nos Estados Unidos há essa guerra comercial. Trump ainda eliminou da Casa Branca todos os elementos que representavam a ala moderada” disse Ricupero.

O embaixador ressaltou que embora o panorama seja preocupante, a situação econômica mundial ainda continua positiva. “Os Estados Unidos estão com uma taxa de desemprego baixa. O mesmo ocorre na Europa, Rússia e China. Portanto, o prolema está concentrado na área política e estratégica”, destacou.

Ricupero reafirmou que a estratégia de Trump é criar os conflitos para negociar e alavancar concessões. “A prova disso é que ele já concluiu um acordo com a Coreia do Sul, que aceitou duas concessões. Primeiro uma cota de aço, o país aceitou reduzir voluntariamente a exportação de aço em 30%, além do mais aceitou que aumentaria a importação de automóveis norte-americanos”, completou.

Segundo o embaixador, a situação com a Rússia é mais grave, uma vez que envolve o desenvolvimento de armas nucleares, expulsão de diplomatas e o fechamento de consulados. “Está se voltando aquele tempo da época de Stalin, em que os contatos eram mínimos e a agressão muito grande”, destacou Ricupero.

*Com informações de Denise Campos de Toledo

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