‘Rússia intensifica ações para sufocar forças da Ucrânia’, diz pesquisador

Decisão do presidente Volodymyr Zelensky de não deixar o país e resistir à invasão russa deu a ele popularidade e destaque nas negociações internacionais, dificultando ação a invasão comandada por Putin

  • Por Jovem Pan
  • 02/03/2022 12h52
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Dimitar DILKOFF / AFP Homem caminha em meio à destruição causada por ataque russo em região próxima a Kiev Homem caminha em meio à destruição causada por ataque russo em região próxima a Kiev

A Rússia tem mais ogivas nucleares que os Estados Unidos e avisa Kiev, capital da Ucrânia, que irá elevar o nível de violência na sua invasão ao país. O professor, cientista político e pesquisador em tecnologia nuclear Augusto Teixeira avalia que ainda não houve o sufocamento das forças ucranianas. “Buscar evitar aumentar os danos colaterais, perdas de civis, evitar a destruição de infraestrutura estratégica do país, no sentido de energia, gás e os elementos importantes para uma vida civilizada, tal como, por outro lado, ter a possibilidade de, politicamente, sustentar um regime que seja colocado no lugar do Zelensky. Isto, em grande medida, são três fatores que permitem inserir o porquê a Rússia tem agido, por incrível que pareça, com uma moderação no emprego do seu poder militar contra a Ucrânia no momento.

O professor considera que a Ucrânia busca resistência para que as sanções econômicas mexam com a elite russa e os empresários pressionem o presidente Vladimir Putin. “O resultado político, que é de fazer com que o governo ucraniano desista de resistir. Então, nesse sentido, pode ocorrer uma pressão para uma mudança das regras de engajamento, fazendo com que a Rússia empregue em massa esses meios muito bem colocados, como sistemas de mísseis convencionais, mas com elevada capacidade de precisão, bombas importantes de serem utilizadas em cidades, como bombas termobáricas, que poderão ser empregadas e também um amplo emprego da sua aviação de combate e bombardeios”, diz.

O professor Augusto Teixeira entende que a Rússia demonstra esperar uma saída diplomática na tentativa de reduzir o desgaste internacional. “O objetivo russo contra a Ucrânia é um objetivo de guerra ilimitada, voltada a alterar o status político do país, substituindo por outro regime, havendo aí uma mudança de regime, e muito possivelmente Moscou está mais perto de fazer isto do que de convencer os russos a desistir, em virtude de sanções e pressões do mundo ocidental. O que fará com que esse conflito se encerre não é de um lado aniquilação da Ucrânia pela Rússia ou por outro lado a vitória de uma resistência ou insurgência ucraniana contra a Rússia, mas mesa de negociação”, opina.

Mas o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, ao não deixar o país e decidir pela resistência, ganhou popularidade e espaço nas discussões mundiais para o isolamento russo. “Colocar um jogo de ganha-ganha, em que Putin possa entregar ao seu público algum grau de êxito, dado que é um regime forte, em que para que um regime forte sobreviva, existe a possibilidade do emprego de força no ambiente internacional, como estamos vendo agora, mas que também que o regime do Zelensky, o governo democraticamente eleito, possa também sobreviver e ter aí a Ucrânia como um membro da comunidade internacional independente”, afirmou.

Para Augusto Teixeira, o pior cenário é expansão da Otan na Suécia e Finlândia. “A oportunidade de barganhar algo que seja possível. E este possível conta ou passa necessariamente por uma interrupção do processo de expansão da Otan para o leste. É por isso que uma potencial solicitação de entrada na Otan por parte da Finlândia ou da Suécia tem a tendência de escalar o conflito, muito pior do que ocorre com a Ucrânia”, defende. O professor Augusto Teixeira considera que Putin ainda espera uma negociação sobre o novo poder na Ucrânia, até em razão da repercussão contrária mundial. Mas a forma como age não permite um desfecho previsível.

*Com informações do repórter Marcelo Mattos 

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