Salles é chamado de ‘office boy’ na Câmara e sai escoltado após confusão

  • Por Jovem Pan
  • 08/08/2019 07h02 - Atualizado em 08/08/2019 10h27
José Cruz/Agência Brasil Ministro comentou a demissão do ex-diretor do Inpe, Ricardo Galvão

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, saiu em defesa do Instituto de Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nesta quarta-feira (7), mas disse que os dados do órgão não são confiáveis. Ele afirmou que o Inpe deve ser respeitado enquanto instituição, mas criticou o que classificou como “interpretações sensacionalistas” do desmatamento na Amazônia.

Para ele, as distorções servem para atender interesses de ONGs e outros grupos. Salles reconheceu que a devastação da floresta acontece, mas não de forma acelerada como foi divulgado recentemente pelo Inpe.

O ministro explicou, em audiências no Congresso Nacional, que foram identificadas algumas inconsistência nos alertas de desmatamento. Segundo ele, todos os avisos feitos em um ano foram computados somente em junho de 2019 e, por isso, foi observado o aumento de 88%.

A passagem de Salles pela Câmara dos Deputados terminou em bate-boca e o ministro deixou a sessão escoltado por seguranças da Casa. A discussão começou depois que o deputado Nilto Tatto (PT-SP) o comparou com bandeirantes paulistas.

“E o ministro, hoje, faz o papel de office boy dessa estratégia que está matando a agricultura brasileira, matando a biodiversidade, matando o povo brasileiro, e dando um tiro no pé do país, porque daqui a pouco nós não vamos nem exportar produto para lugar nenhum. Esse instituto, e o ministro está cumprindo esse papel, do novo bandeirantismo”, disse Tatto.

Antes de deixar a sessão, Salles rebateu a declaração do deputado. “Eu não sou office boy de coisa nenhuma. Quem deve saber muito bem de matar gente em razão de coisas é o pessoal que está envolvido lá no assunto Celso Daniel. Eu não admito que o senhor me trate desse jeito.”

No Senado Federal, o ministro foi questionado sobre a demissão de Ricardo Galvão, que deixou a diretoria do Inpe após críticas do presidente Jair Bolsonaro (PSL) aos dados de desmatamento divulgados pelo instituto. Ele afirmou que Galvão foi exonerado porque “botou lenha na fogueira” ao invés de ter colocado um “ponto de razoabilidade e bom senso”.

Sobre o Fundo Amazônia, Salles disse que os recursos são inexpressivos diante dos problemas e criticou a ameaça da Noruega de se retirar do tratado por causa das mudanças de governança promovidas pelo Ministério do Meio Ambiente.

*Com informações da repórter Nanny Cox

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