Salles questiona dados do Inpe e promete novos números, mas admite alta no desmatamento
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse nesta quarta-feira (31) que o percentual de aumento do desmatamento da Amazônia divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) não “reflete a realidade”. Apesar disso, mesmo afirmando existir “distorções numéricas” nos dados divulgados pelo sistema Deter, que são baseados em imagens de satélite, ele disse que o desmatamento aumentou.
A pasta vem defendendo que os números do Inpe apresentam “inconsistências”, como contabilizar uma mesma região devastada mais de uma vez e usar registros de anos anteriores como se fossem atuais.
De acordo com Salles, as informações sobre o desmatamento em tempo real da Amazônia foram interpretadas por “jornalistas, técnicos e ditos especialistas” com a intenção de “criar polêmica”. Sem dar detalhes, ele também disse que pretende lançar licitação para um novo sistema de monitoramento.
Em encontro com o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, e com representantes do Inpe e do Ibama, o ministro disse que haverá um trabalho conjunto para aprimorar os dados. “Há um espaço muito grande para melhoria do trabalho de identificação e de alertas do desmatamento para fins de fiscalização e controle. Essa melhoria se dará em trabalho conjunto do Ibama com o Inpe.”
Pontes também disse que as informações do Inpe não foram usadas corretamente. “Aquele dado foi utilizado de maneira incorreta, isso é importante ficar ressaltado, ele não foi feito para isso e foi utilizado de maneira incorreta”, ressaltou.
Na cidade de Anápolis, em Goiás, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que, entre os números divulgados, estão “alertas de desmatamento” que, depois, podem ser verificados ou não. Para ele, “dados imprecisos” atrapalham o comércio com outros países.
“Nós temos que, ao dar um dado importante como esse, a pessoa responsável ela tem que ter certeza do que está falando. Ninguém quer censurar ninguém, não, mas tem que ter certeza do que está falando, não podemos ser pessoas para ganhar holofote, não estou dizendo que seja o caso dele, pode até ser que ele esteja certo. Vamos saber nas próximas horas e fazer o Brasil ir para frente”, disse o presidente.
De acordo com informações preliminares do Inpe, mais de mil quilômetros quadrados de floresta amazônica foram devastados na primeira quinzena de julho. O índice corresponde a um aumento de 68% em relação a julho de 2018.
Desde a divulgação dos dados, Bolsonaro tem criticado o órgão.
*Com informações do repórter Afonso Marangoni
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