São Paulo já se prepara para receber cerca de 300 venezuelanos vindos de Roraima

  • Por Jovem Pan
  • 19/03/2018 08h51
Edmar Barros/Estadão Conteúdo A previsão era de que eles chegassem no começo de abril, mas os homens e mulheres estão sendo vacinados e preparados para a mudança de endereço

Faltam poucos dias para São Paulo receber cerca de 300 venezuelanos vindos de Boa Vista, em Roraima.

A previsão era de que eles chegassem no começo de abril, mas os homens e mulheres estão sendo vacinados e preparados para a mudança de endereço.

De acordo com a Prefeitura de Boa Vista, 40 mil venezuelanos vivem atualmente na cidade.

Diante da crise, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, anunciou em fevereiro que os primeiros imigrantes seriam destinados a São Paulo e Amazonas.

O trabalho é compartilhado entre o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, o ACNUR, o Governo federal, os Estados e as prefeituras.

Em São Paulo, a parceria de acolhida organizada ocorre entre as Secretarias Municipais de Direitos Humanos e de Assistência e Desenvolvimento Social.

Eloísa Arruda, secretária dos Direitos Humanos, é responsável por receber a lista das pessoas com nomes, qualificações e expectativas com relação a mudança. Ela explica que a documentação e a língua não serão obstáculos.

Um representante da secretaria vai acompanhar a chegada deles e encaminhá-los aos abrigos, que são de responsabilidade da Assistência e Desenvolvimento Social, a SMADS.

Existem Centros de Acolhida específicos para imigrantes, mas a prefeitura também vai receber venezuelanos em centros destinados a moradores de rua. No CTA Brigadeiro Galvão, pelo menos 20 vagas estão separadas para esses estrangeiros que virão de Boa Vista.

A principal crítica é ao fato de que imigrantes vão ficar junto com usuários de drogas e pessoas em situação de rua.

Para o padre Paolo Parisi, um dos coordenadores da Missão Paz, que recebe refugiados há anos, as necessidades dessas pessoas são diferentes.

O secretário Filipe Sabará, da SMADS, explica que os centros têm estrutura para receber os refugiados.

Os centros temporários de acolhimento oferecem um kit de higiene com shampoo, condicionador, sabonete, desodorante, pasta e escova de dente.

Além disso, a Prefeitura vai incluir os imigrantes venezuelanos no programa “Trabalho Novo”.

Na Missão Paz também há empresas interessadas em ajudar os refugiados a conseguir emprego, assim como aconteceu com o Carlos Escalona. Ele era servidor público na cidade de Maracay, mas depois que descobriu irregularidades no trabalho foi sequestrado e teve a família ameaçada. Decidiu fugir para o Brasil, e mesmo com curso superior, Carlos sabia que recomeçaria em um emprego inferior às suas qualificações.

Um ano depois foi a vez da esposa Marifer Vargas junto com a enteada Miranda se mudarem para cá. Marifer conta que para viver no seu país é preciso muita criatividade, já que a crise não distingue quem apoia ou é opositor do governo.

Senha para ir ao supermercado, escassez de produtos básicos, onda de violência e falta de remédios: essa é a atual realidade da Venezuela.

A situação ficou pior há três anos, depois que o país com as maiores reservas de petróleo do mundo viu a queda drástica no preço global das commodities.

Com o intuito de fugir dessa realidade, venezuelanos se arriscam a cruzar a fronteira para viver até em situações de rua nas praças de Boa Vista.

Se a acolhida desses 300 venezuelanos na capital paulista der certo, a prefeitura promete disponibilizar mais vagas para ajudar os refugiados.

*Informações da repórter Marcella Lourenzetto

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