Se adotado uma semana antes, lockdown poderia ter poupado 20 mil vidas no Reino Unido

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 11/06/2020 09h41 - Atualizado em 11/06/2020 09h48
EFE/EPA/NEIL HALL O primeiro-ministro, Boris Johnson, foi duramente questionado, mas evitou reconhecer que poderia ter fechado o país antes

A pandemia de coronavírus arrefeceu, mas está longe de ter acabado na Grã Bretanha. As estatísticas diárias do país ainda são mais altas que as do continente europeu, tanto em mortes quanto em novas contaminações.

O comércio vai abrir as portas na semana que vem e o futebol da primeira divisão também será retomado em menos de uma semana. Mas ainda não há uma previsão clara sobre o que vai acontecer com as escolas do país — a maioria dos alunos está sem aulas há três meses.

Pubs, restaurantes e barbearias também permanecem fechados e a previsão mais otimista é de que eles só serão reabertos em julho. Para aumentar ainda mais a insatisfação por aqui, o governo conservador tem sido questionado diariamente sobre a condução desta crise.

Na quarta-feira (10), o epidemiologista que coordena o grupo responsável pelo modelo do Imperial College London lançou Boris Johnson na fogueira. Falando em uma comissão da Câmara dos Comuns, o professor Neil Ferguson disse que 20 mil vidas poderiam ter sido poupadas se a decisão de decretar a quarentena oficialmente por aqui tivesse sido tomada apenas uma semana antes.

Ferguson afirmou que, se o lockdown tivesse sido antecipado, o número de mortes por covid-19 hoje seria a metade do que é na Grã Bretanha. O país contabiliza hoje 41.128 mil mortos pela doença.

O primeiro-ministro, Boris Johnson, foi duramente questionado, mas evitou reconhecer que poderia ter fechado o país antes. “Vamos ter que olhar para trás e aprender as lições que pudermos, mas, francamente, acho que muitas dessas perguntas ainda são prematuras e há muitos dados, muitas coisas que nós ainda não sabemos e esta epidemia ainda tem um longo caminho a percorrer não apenas neste país, mas em todo o mundo “.

Economia

Ontem também a OCDE projetou que o Reino Unido será o país desenvolvido mais afetado pela pandemia, economicamente falando. O PIB do país deve cair 11.5% em 2020, enquanto a Alemanha, que tem o maior PIB europeu, deve registrar contração de 6.6%.

E neste bojo todo ainda existe a questão do Brexit, que saiu do noticiário, mas ainda está longe de ser resolvido e é outra ameaça para a economia britânica. O próprio Banco da Inglaterra, que é o banco central britânico, prevê contração ainda mais drástica para o PIB do país, na casa dos 14%.

Além de ter o maior número de mortes da Europa por covid-19 e uma situação que ainda não está controlada, os britânicos também tem uma economia fortemente internacionalizada, que depende dos setores financeiros, de serviços e de investimentos internacionais. Todos muito afetados pelo Covid-19.

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