‘Se não pacificar o país, não terá vida fácil no Congresso’, afirma Ricardo Barros sobre Lula
Deputado federal e futuro secretário de estado do Paraná da Indústria, Comercio e Serviços também criticou tom de ‘revanchismo’ e ‘ressentimento’ no discurso do presidente
Para falar sobre a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sobre as expectativas em relação ao novo governo e sua relação com o Congresso Nacional, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o deputado federal e futuro secretário de estado do Paraná da Indústria, Comercio e Serviços, Ricardo Barros (Progressistas). O parlamentar analisou que o apoio dos partidos ao governo ainda é incerto: “Nem os partidos que têm hoje três ministérios entregarão todos os votos. Nem os partidos que foram oposição, ou que não apoiaram Bolsonaro ou Lula, vão entregar todos os votos. Os partidos estão divididos hoje em Sul e Nordeste”.
“O Brasil há muitos anos termina a apuração com ‘azul’ do meio para baixo e ‘vermelho’ do meio para cima. Assim será o comportamento das bancadas, o que existe é uma vigília do eleitor. A missão principal do presidente Lula é pacificar o país. Eu tenho dito isso desde o início. Ele precisa pacificar o país, se não houver a pacificação e neutralização desses radicalismos, isso vai se refletir na Câmara e no Senado. Isso porque o eleitor estará pressionando o seu representante a manter a posição de oposição ou apoio. Se ele não pacifica o país, não terá vida fácil no Congresso”, argumentou.
Para Barros, pouco importa se membros de partidos do chamado Centrão conquistaram cargos dentro do governo, o que vai pesar é a relação com o eleitorado. O deputado avalia que isso representa um novo momento da política brasileira: “Não é uma questão partidária, ele tem uma boa base, mas nem todos do União Brasil vão votar com ele e nem todos do PSD vão votar com ele porque a base não permite que assim se faça. Alguns do meu partido, Progressistas, por exemplo, vão votar com o governo e apoiaram o Lula durante a campanha. Dos nossos 48, teremos 12 que já são governo. Então, nem quem é governo vai entregar tudo, e nem quem é oposição vai segurar tudo”.
“Não é uma equação como todas que aconteceram anteriormente. Eu fui líder, ou vice-líder, ou ministro de todos os governos anteriores. Minha capacidade e habilidade é fazer articulação política. Posso assegurar que muitos deputados vão continuar atentos à sua base. Não vão se divorciar do seu eleitorado por uma posição em Brasília. Nós temos um momento diferente, onde a rede social passou a fazer parte da vida política do parlamentar. Esta ação de vigilância do eleitor vai fazer a diferença na hora do voto em Brasília”, opinou.
A respeito da posse presidencial o político paranaense fez críticas ao discurso de Lula e destacou um certo revanchismo nas falas do presidente: “Eu senti talvez um pouco de ressentimento ainda. Não é com o presidente Bolsonaro que ele tem que ter ressentimento, é com o Judiciário. Aí ele elogia o Judiciário, que o prendeu apenas para tirá-lo da eleição, e critica o presidente Bolsonaro, que fez um governo dentro da sua convicção, com um pensamento liberal. As pessoas tem o direito de ter o seu convencimento, a sua visão, e olhar claramente o que nós devemos ter para o futuro. Eu senti um discurso carregado”.
“O discurso da Câmara muito revanchista e o discurso para o público um pouco mais amplo, também olhando por esse lado revanchista, mas um pouco mais amplo (…) Ele sabe da missão que tem com todos os brasileiros, mas ainda está ressentido com algumas coisas que aconteceram ao longo do tempo (…) A sociedade está atenta, muito atenta. Esse momento político no Brasil é diferente de todos os outros porque o eleitor está olhando para seus eleitos. O eleitor está vigiando os passos dos seus eleitos. A contradição entre o discurso de campanha e práticas de governo não passará em branco”, declarou. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.
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