Seca causa prejuízos a setores e muda a rotina de trabalhadores no Norte do Brasil
Transportes e turismo sofrem com rios quase sem água no Amazonas
A seca no Norte do Brasil causa prejuízos a diferentes setores e muda a rotina de milhares de trabalhadores. Próximo as águas do Rio Negro e do Rio Solimões, um dos pontos turísticos mais conhecidos do Amazonas restou apenas a terra rachada. No local, ficava o Lago do Aleixo. Hoje, é apenas um símbolo da gravidade da seca que afeta a região de Manaus. Para milhares de famílias, a água era o único caminho possível. Agora, os moradores são obrigados a caminhar distâncias quilométricas para trabalhar. A Graciete Abreu é uma delas. Ela vive do que tira da roça e disse que tenta não desanimar. “Não desisto. Vou e volto dessa caminhada longa. O prejuízo é muito grande. O psicológico de nós tem que estar preparado. Se não lutarmos, não temos as coisas. Está difícil”, lamentou. A aposentada Maria Auxiliadora comentou que não tem como fugir da situação. “Temos que resistir. Não tem para onde ir. O jeito é ficar até a água voltar de novo”, disse.
O Amazonas e outros Estados da região Norte sofrem com os impactos do fenômeno El Niño, que reduz a formação de nuvens e, por consequência, diminui a quantidade de chuvas. Os efeitos têm sido cada vez mais intensos. A situação preocupa autoridades da região e do governo federal. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse que é preciso pensar não apenas em ações emergenciais, mas também na prevenção de novas catástrofes. Com rios em níveis alarmantes, o barqueiro Raimundo Bernardo fica aflito de ver os barcos parados na terra seca. “Tudo seco. Os barcos estão encalhados e o prejuízo é maior”. Para o pescador João Reis, a maior preocupação é com a saúde. “Aqui estamos sujeito a diversas doenças. Vão surgir muitas calamidades ainda”. O setor do turismo, que depende dos rios, também enfrenta dificuldades. Com a seca, o restaurante flutuante do Diogo Vasconcelos, no Rio Tarumã Açu, em Manaus, encalhou. “Situação de desalento mesmo. Assustado de ver tudo isso que está acontecendo. Uma sensação de impotência de não saber o que vai acontecer com a nossa própria vida”, completou.
*Com informações da repórter Camila Yunes.
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