Secretário de Guedes fala em ‘passar a faca no Sistema S’ e entidades reagem
Adolfo Sachsida afirmou que isso seria necessário para colocar em prática o programa de inclusão de jovens no mercado de trabalho
Uma declaração do secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, causou reações nesta sexta-feira. Durante evento online promovido pelo jornal Valor Econômico, Sachsida disse que é preciso “passar a faca no Sistema S” para colocar em prática o programa de inclusão de jovens no mercado de trabalho. O Sistema S é composto por nove instituições prestadoras de serviços que são administradas de forma independente por federações e confederações empresariais dos principais setores da economia. Segundo o secretário, o Sistema arrecada cerca de R$ 20 bilhões por ano às custas de todo trabalhador e de todas as empresas.
“Nós temos que passar a faca no Sistema S. Tem que tirar dinheiro deels para passar ao jovem carente, para ele ter uma chance na sua vida. Se ter um emprego, se qualificar e conseguir uma vida decente para o futuro. Se não for assim, você está condenando uma geração inteira de jovens pobres. Eu não aceito isso e acho que ninguém aqui aceita isso. Tenho certeza que o Sistema S vai pensar melhor e aceitar contribuir.” Em nota, o SESI e o SENAI lamentaram as declarações afirmando que as falas “demonstram profundo desconhecimento de como as instituições já contribuem, de forma efetiva e permanente, com a inserção de jovens brasileiros no mercado de trabalho, sobretudo os de classes menos favorecidas”. Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Andrade, “querer desestruturar o trabalho já realizado pelas entidades por meio de uma facada, na tentativa de enfraquecer duas das principais instituições com capacidade para contribuir com os esforços de reduzir a informalidade e o desemprego no país é condenar uma parcela da população à pobreza”.
Robson Andrade declarou que “o SESI e o SENAI estavam negociando com o Ministério da Economia a participação nos novos programas de inclusão, via oferta de vagas gratuitas para qualificação profissional”. O SESC e o SENAC também defenderam que a proposta da “facada” nos recursos do Sistema S inviabiliza o funcionamento das entidades “com a qualidade e a extensão que hoje são oferecidas” e prejudica “milhares de brasileiros”. As entidades ressaltaram que “o atendimento das camadas mais pobres da população está no DNA das duas instituições há mais de sete décadas e que os recursos arrecadados das empresas são privados, não entram na conta do governo, e tanto a arrecadação quanto a aplicação dos recursos estão previstas na Constituição Federal”.
*Com informações da repórter Letícia Santini
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