Secretário lamenta baixa adesão a campanha e faz “apelo” por vacinação contra a febre amarela
O secretário de Saúde do Estado de São Paulo lamentou neste sábado (10) a baixa adesão da população à campanha de vacinação contra a febre amarela.
Um dia depois de ser divulgado um novo boletim sobre o número de casos, que subiu 14% em apenas uma semana (veja mais dados ao final do texto), David Uip disse, em entrevista à Jovem Pan: “o número é decepcionante. Nós esperávamos uma adesão muito maior da população”.
Apenas 52,4% do público-alvo foram vacinados na campanha que teve de ser prorrogada duas vezes. “Os casos continuam aumentando, e as mortes também”, destacou Uip, apontando para as 116 pessoas que morreram vítimas da doença.
“Contamos com o fator climático, daqui a pouco esfria e melhora (diminuindo a resistência do mosquito-transmissor), mas nós temos como objetivo e definição vacinar toda a população do Estado de São Paulo”, destacou o secretário de Saúde.
Ele faz um “apelo” para as população se vacinar e ressalta que o medicamento é uma “vacina segura”.
Uip contrastou o “pânico” nos primeiros dias de campanha, que fez postos de saúde ficarem lotados e com filas gigantes, com a relutância atual. “Hoje você tem todos os insumos, tem vacina, tem documentação e as pessoas ainda relutam em tomar”.
Fake news – “ser contra a vacina é imperdoável”
Uip condenou as notícias falsas que circulam pelas redes sociais e desestimulam a vacinação.
A primeira “fake news” é a de que a vacina fracionada oferecida pelo governo para abranger mais gente seria “menos eficaz” que a integral. O secretário ressaltou que a literatura médica já demonstrou que a fracionada tem duração de mínimo 8 anos e protege a pessoa igualmente contra a doença nesse período.
Outros noticiam de que a vacina não seria segura, devido a três óbitos decorrentes de complicações de sua aplicação em um universo de 14 milhões de vacinados desde 2016, segundo Uip.
O secretário explicou que a vacina provoca “poucos efeitos adversos” em apenas alguns remotos casos e o índice de mortes em São Paulo (cerca de um a cada 5 milhões de vacinações) é ainda menor que o da literatura científica para a vacina de febre amarela – 1 a cada 450 mil.
Uip se irritou mesmo em relação a uma “campanha na internet de indivíduos que são contra a vacina”.
“Ser contra a vacina é algo imperdoável”, disse Uip, “porque você não tem sustentação científica para ser contra a vacina, muito menos a febre amarela”.
Reafirmando a segurança da vacina, o secretário criticou os “oportunistas de plantão, que se dizem especialistas”. “Cinco minutos de fama dá para fazer de outra forma, não difamando uma campanha tão séria quanto essa”, atacou.
Ouça a entrevista completa:
Contraindicações
David Uip enumerou novamente os pequenos grupos que não devem tomar a vacina contra a febre amarela. Não tomam a vacina as pessoas que têm doenças autoimunes, que estão em tratamento contra o câncer (dois meses depois do fim da quimioterapia já pode tomar, diz Uip) e bebês com menos de seis meses.
Mulheres grávidas em áreas de riscos e idosos doentes devem consultar o médico para avaliar se tomam ou não a vacina. “Tem o grupo impedido por contraindicações, mas é muito pequeno no contingente de quem pode “, destacou Uip.
Aumento dos números
Os casos autóctones de febre amarela silvestre no estado de São Paulo chegaram a 326. Até semana passada, eram 286 pessoas afetadas, o que representa um aumento de 14% em apenas sete dias.
Os números são de 2017 até o momento, informou a Secretaria de Estado da Saúde em boletim divulgado nesta sexta-feira (9). Dos afetados, 116 pessoas morreram por causa da doença, ou seja, foram 14 mortes a mais que na última sexta-feira (2). No último balanço, os casos eram 286 e as mortes, 102.
Em 43,2% dos casos, a doença foi contraída na cidade de Mairiporã e 15,9% em Atibaia. Essas duas cidades respondem por 59,1% dos casos de febre amarela silvestre no estado e já têm ações de vacinação em curso desde o ano passado.
Segundo balanço da secretaria, 7 milhões de pessoas em todo o estado foram vacinadas contra a febre amarela neste ano. O número é próximo às 7,4 milhões de doses aplicadas ao longo de todo o ano passado. A campanha de vacinação continua até a próxima sexta-feira (16) na capital e em mais 53 municípios do interior paulista.
Capital
Desde setembro do ano passado, mais de 5,591 milhões de doses da vacina foram aplicadas em toda a cidade de São Paulo, sendo que 2,204 milhões delas eram fracionadas. No entanto, isso representa uma cobertura vacinal de apenas 47%. A campanha tem priorizado as áreas de maior risco de contato com a doença, mas a intenção da secretaria é ofertar a imunização para toda a população da cidade até o final deste semestre.
Os últimos informes da secretaria dão conta que 133 primatas não-humanos foram mortos pela doença em São Paulo. A capital registrou ainda oito casos autóctones de febre amarela, ou seja, casos em que a doença foi adquirida na própria cidade. Desse total de casos, quatro evoluíram para óbito.
Locais de vacinação da campanha
Municípios: Diadema; Mauá; Ribeirão Pires; Rio Grande da Serra; Santo André; São Bernardo do Campo; São Caetano do Sul; Bertioga; Cubatão; Guarujá; Itanhaém; Mongaguá; Peruíbe; Praia Grande; Santos; São Vicente; Caçapava; Igaratá; Jacareí; Jambeiro; Monteiro Lobato; Paraibuna; Santa Branca; São José dos Campos; Caraguatatuba; Ilhabela; São Sebastião; Ubatuba; Aparecida; Arapeí; Areias; Bananal; Cachoeira Paulista; Canas; Cruzeiro; Cunha; Lagoinha; Lavrinhas; Guaratinguetá; Lorena; Natividade da Serra; Pindamonhangaba; Piquete; Potim; Queluz; Redenção da Serra; Roseira; São Bento do Sapucaí; São José do Barreiro; São Luiz do Paraitinga; Silveiras; Taubaté e Tremembé.
Distritos da capital: Campo Limpo; Capão Redondo; Cidade Ademar; Cidade Dutra; Cursino; Grajaú; Jabaquara; Jardim São Luís; Pedreira; Sacomã; Socorro; Vila Andrade; Cidade Líder; Cidade Tiradentes; Guaianazes; Iguatemi; José Bonifácio; Parque do Carmo; São Mateus e São Rafael.
Segundo David Uip, a pior adesão à campanha é na baixada santista, local com “características diferentes”, inclusive pela população flutuante que desce ao litoral nos fins de semana e feriados.
Já a vacinação no Vale do Paraíba “está indo muito bem”, destacou o secretário, e “melhorou no Grande ABC”.
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