Seis meses após intervenção na Cracolândia, Prefeitura vai mudar atendimento a usuários de drogas
Seis meses depois de intervenção na Cracolândia, Prefeitura de São Paulo se prepara para mudança no atendimento a dependentes químicos.
Essas alterações serão implementadas a partir da assinatura em dezembro de um Termo de Ajustamento de Conduta da administração com o Ministério Público.
O documento deve estabelecer diretrizes voltadas principalmente para o momento em que o paciente recebe alta das instituições de saúde.
O promotor Arthur Pinto Filho afirmou que a ideia é evitar que as pessoas saiam diretamente do hospital para as ruas: “tudo isso está sendo organizado cm a Prefeitura. E assim que ela receba alta não vá para a rua, ou vai para CAPS ou residência terapêutica, para que as coisas possam evoluir adequadamente”.
Tanto a Prefeitura quanto o Governo do Estado reconhecem que o tráfico e o chamado fluxo ainda existem no entorno da praça Júlio Prestes.
Apesar disso, o secretário municipal de governo, Júlio Semeghini, disse que hoje o cenário é diferente e controlado: “o fluxo é outro tipo de fluxo. As pessoas existem, porque ficam juntas para buscar droga. Mas é algo totalmente controlado, temos acesso a tudo”.
Desde a operação na Cracolândia o poder público pôde entender melhor qual é o perfil das pessoas que ficam transitando pela área do chamado fluxo.
O secretário estadual de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, afirmou que o público usuário de entorpecentes na área é diversificado: “nós temos todo tipo de perfil. Pessoas que estavam lá e tinham emprego, tinham casa e as que já estavam morando na rua”.
Uma das faces mais visíveis da tentativa de mudança da Cracolândia é a construção de unidades habitacionais, especialmente no terreno da antiga rodoviária da Luz.
O secretário Júlio Semeghini deu o cronograma das próximas modificações na área: “cronograma começa a ser entregue pelo governo do Estado as PPPs da habitação no início do próximo ano, só estamos acabando mais duas coisas para começar a obra de recuperação da praça Júlio Prestes e depois de cinco meses já começa a ser entregue a estação”.
Apesar das ações do poder público, os moradores da região ainda não se sentem completamente atendidos pelas medidas tomadas até agora.
O ex-presidente do Conseg de Santa Cecília Fábio Fortes afirmou que ainda não há sensação de segurança no entorno da praça Júlio Prestes: “frequente la à noite, tente caminhar com tranquilidade. Você não consegue conviver com esse tumor social que tomou conta do centro”.
Em 21 de maio, as polícias Civil e Militar fizeram uma grande operação de combate ao tráfico de drogas na região central da capital paulista.
Naquela ocasião, o prefeito João Dória Júnior chegou a dizer que a Cracolândia havia acabado; hoje, as autoridades preferem ser mais comedidas.
*Informações do repórter Tiago Muniz
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