Sem se colocar como “santa”, Marta critica Congresso atual e deixa em aberto retorno à política
A senadora Marta Suplicy desistiu nos últimos dias de concorrer à reeleição no Senado e afirmou que não concorreria a outro cargo eletivo. Para completar a decisão, pediu a sua desfiliação do MDB.
Desencantada com a vida política, a senadora, em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, disse que não pode “fechar as portas”, mas que tem “vontade zero” para planos eletivos, e que não há interesse no retorno à atividade parlamentar. “Na vida pública eu vou até onde eu acho que aquilo está rendendo para o projeto. Eu tenho projeto e foi ele que me fez entrar na política”, disse.
Uma das portas ainda abertas pela senadora é o retorno ao comando da cidade de São Paulo. Sem cravar uma resposta, Marta explicitou que teve vontade de voltar à Prefeitura quando visitava cidades durante seu período de pré-campanha à reeleição ao Senado.
“Eu estava visitando periferia. Quando vejo pobreza e o desleixo com ela… vejo CEU e vejo que tem 26 deles com piscina fechada. Quando vejo essas coisas, eu até falei com o Bruno Covas [prefeito da cidade] e ele disse ‘não é minha prioridade’, aí me dá vontade enorme de ser prefeita”, contou.
Entretanto, os problemas relacionados à Prefeitura desestimulam a vontade da senadora, que ponderou: “precisa estar com muita vontade de tratar com coisas difíceis. Neste momento não é minha preocupação. Se eu continuar a ir muito na pobreza, provavelmente vou ter de novo vontade de ir lá fazer alguma coisa. Seu eu conseguir fazer coisa fora da política partidária será mais profícuo e melhor para a minha família também”.
Sobre outros cargos eletivos, Marta desconsiderou a possibilidade. “Não sei se eu teria essa vontade. Se fosse para ser prefeita, seria da minha cidade, e precisa estar com vontade”.
Atividade parlamentar
Prestes a encerrar suas atividades como senadora, assim que sua cadeira vagar na próxima eleição, Marta não poupou críticas ao Congresso, mas fez questão de ressaltar que não é uma “Santa Madalena”.
“Lá você fica votando coisas que não são bem o que você votou, fica tentando ver o que tem por rás de cada projeto. O gasto de energia que você tem que ter para conseguir fazer bem-feito e se posicionar, é um gasto que percebi que nessa conjuntura, com o Congresso mais conservador do que é hoje, eu vou contribuir mais fora”, esclareceu.
Mas ela reconheceu que é possível mudar o Congresso, apenas não em curto prazo: “vão ser eleitas muitas das mesmas pessoas”.
“Não vou me pôr como Santa Madalena, não é assim”, ponderou. “No Congresso você convive, fala com as pessoas. Eu não sinto, falo de mim, que eu tenha vontade de contribuir mais dentro de lá”, completou.
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