‘Senado está surdo, mudo e cego para as demandas da sociedade’, diz Eduardo Girão
Parlamentar criticou omissão da Casa frente a ‘arbitrariedades’ de ministros do Supremo Tribunal Federal e falou em ‘jogo de proteção’ entre os poderes: ‘Um depende do outro’
O senador Eduardo Girão (Podemos) defende a continuidade do processo de desestabilização da Eletrobras e dos Correios. Segundo ele, ainda que críticos apontem uma a venda da estatal de energia pode elevar o preço da conta de luz, uma “má privatização é melhor que não privatizar”. “O Brasil precisa cada vez mais vender suas empresas estatais, que servem historicamente como cabide de empregos e manipulação política. Isso atrasa o país e fica ruim para o consumidor”, resumiu o parlamentar nesta segunda-feira, 30, durante entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, ao citar conversa com o relator da privatização da Eletrobras do Senado, Marcos Rogério. “Ele me garantiu que o preço a longo prazo iria diminuir. Mas todo esse movimento, inclusive está travado no Senado a venda dos Correios, que já foi aprovada na Câmara e não entendo porquê não entra na pauta, se é um desejo da população”, completou.
Eduardo Girão criticou o que chamou de “jogo político que joga contra nação” e falou em atuação política do Tribunal de Contas da União (TCU), o que estaria provocando a demora no processo. “A privatização da Eletrobras para gente tinha sido consumada desde junho do ano passado. Um ano nesse imbróglio junto ao TCU, vai o relator pega, começa a criar problema. É um TCU político. Inclusive, apoio uma PEC [Proposta de Emenda à Constituição] para que haja mandato para tribunais como STF, STJ, e que as indicações não sejam políticas, haja concurso público para essas funções”, completou o senador. Questionado sobre o clima político nos bastidores do Senado para andamento das privatizações e outras propostas, Girão também criticou a omissão da Casa frente ao que chamou de “arbitrariedades do Supremo Tribunal Federal”.
“Grande parte da população percebe que o Senado está surdo, mudo e cego para demandas legítimas e urgentes da sociedade. Tenho colocado isso sempre que posso na tribuna, em entrevistas, isso está pegando muito mal. A imagem do Senado, que já não era boa na época do presidente Davi Alcolumbre, aliás, que vem há muitos anos, e infelizmente caiu no descrédito da população quando se vê arbitrariedades pelos Supremo, desrespeitando o Senado, invadindo a competência com falas políticas e o Senado não se move, assiste tudo de camarote. É um silêncio ensurdecedor e isso é algo muito ruim para a democracia”, afirmou o parlamentar, ampliando sua crítica a ministros, que tem “barbarizado uma série de medidas ilegais”. “E o Senado deixa isso acontecer, acredito que pelo foro privilegiado. Todo processo que um senador tenha, ou de correligionários, caiu no Supremo e daí fica um jogo de proteção. Um poder acaba protegendo o outro porque um depende do outro e a população acaba perdendo com tudo isso que não vê realmente uma ação forte do Senado para que tenhamos harmonia entre os poderes.”
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