Senador retira assinatura, e pedido de criação da CPI do MEC perde apoio mínimo necessário

Nos bastidores o governo articula com parlamentares para tentar barrar a instalação da comissão

  • Por Jovem Pan
  • 10/04/2022 11h55
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Jane de Araújo/Agência Senado Parlamentar discursa no plenário de comissão do Senado Senador Randolfe Rodrigues anunciou que vai continuar tentando conseguir mais assinaturas para protocolar o requerimento de abertura da CPI do MEC

O senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) retirou sua assinatura para abertura de CPI do Ministério da Educação (MEC) e confirmou a ação durante entrevista ao vivo à Jovem Pan News neste sábado, 9. A razão da retirada da assinatura foi o fato de o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) ser quem encabeça a colheita de assinaturas para abertura da investigação, já que ele é também o coordenador da campanha eleitoral do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), maior adversário de Jair Bolsonaro (PL) na disputa.

O senador Oriovisto acredita, por causa da relação com as eleições, a CPI poderia servir a fins políticos. “Eu até tinha assinado favoravelmente a essa CPI, mas confesso que me arrependi, retirei minha assinatura, porque isso vai virar um palanque eleitoral, não vai ser uma investigação imparcial, não vai ser uma investigação técnica. Então é melhor que o Senado, em época de eleições, fique fora disso. Os problemas existem, mas quem tem que investigar [neste momento] é a Polícia Federal e o Ministério Público. Neste momento não dá pra entregar a investigação para o coordenador da campanha do Lula, porque é claro que vai ser uma investigação muito parcial. Por isso eu retirei a minha assinatura”, declarou o parlamentar.

Na última sexta-feira, 8, o senador Randolfe Rodrigues havia confirmado na manhã pelo Twitter que havia conseguido as 27 assinaturas para colocar no requerimento de instalação da comissão parlamentar de inquérito voltada à investigação da destinação de recursos pelo Ministério da Educação a diversas prefeituras do país. De acordo com Randolfe Rodrigues, o último senador a confirmar que assinaria esse requerimento era Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), mas após obter as 27 assinaturas, número mínimo que representa um terço do Senado Federal, esse documento ainda precisaria passar pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tomaria a decisão final sobre instalação ou não dessa CPI. No Twitter, Randolfe Rodrigues confirmou que agora não possui mais o número mínimo de assinaturas para protocolar o requerimento. Ele escreveu que seguirá atrás de mais assinaturas para passar a limpo o Bolsolão do MEC e investigar os escândalos de corrupção deste governo.

O senador Oriovisto Guimarães, que afirma não apoiar o presidente Bolsonaro, ainda anunciou que estuda escrever um projeto de lei para impedir a formação de CPI em ano eleitoral. “Eu estou pensando inclusive em apresentar um projeto, eu estou falando com a minha assessoria, que proíba CPI seis meses antes das eleições ou em ano eleitoral. Porque ser julgado por um juiz parcial é muito ruim. Eu não estou inocentando o ministro Milton Ribeiro, não estou inocentando o presidente do FNDE, o senhor Marcelo Lopes Pontes, não estou inocentando ninguém. Também não estou culpando ninguém. Há fatos determinados graves”, declarou. Nos bastidores o governo articula com senadores para tentar barrar a instalação da CPI e, por isso, nos próximos dias, mais senadores podem decidir retirar as suas assinaturas.

*Com informações da repórter Paola Cuenca

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