Seria ingenuidade crer que intervenção resolveria o problema do Rio, diz ex-capitão do Bope

  • Por Jovem Pan
  • 15/05/2018 13h11 - Atualizado em 15/05/2018 13h13
Divulgação/Rio de Paz Divulgação/Rio de Paz Ato contra a morte de policiais nas areias de Copacabana

Paulo Storani, ex-capitão do Bope, falou em entrevista à Jovem Pan nesta terça-feira (15) sobre a violência no Rio de Janeiro. No Estado fluminense, 47 policiais militares foram mortos apenas em 2018.

“Não podemos entender que a intervenção no Rio seria a terceirização da segurança pública”, destacou Storani, lembrando que as forças armadas trabalham especificamente em alguns pontos. “Não é a intenção deles (Exército) trabalhar no confronto direto com as facções no Rio de Janeiro”, ponderou, dizendo que a Polícia Militar está “melhor preparada” para isso.

“Seria muita ingenuidade achar que a contenção policial e mobilização de efetivos seria suficiente para resolver o problema de segurança pública”, lembrou o ex-capitão do Bope, destacando que haveria uma “legislação permissiva de execução penal”, que dá “muitos benefícios ao criminoso, que fica muito pouco tempo encarcerado”.

O consultor dos filmes “Tropa de Elite” defende uma mudança no modelo policial e diz: “os Estados perderam sua capacidade de investir em efetivo e estruturas policiais”.

Ele pondera que faltam recursos e vemos a violência avançar. “Precisamos pensar em medidas muito mais abrangentes que somente contenção policial”, disse Storani, destacando a necessidade de ações sociais, que têm efeitos de longo prazo. Não investir nisso, diz, “é achar que um remédio de dor de cabeça resolve o problema de uma doença terminal”.

Sobre a necessária reestruturação ou revisão da Lei de Execução Penal, Storani defende torná-la mais dura, especialmente para “crimes ligados à violência exacerbada”, como a utilização de fuzis em assaltos.

Ele pede ainda uma qualificação de nossas prisões.

O ex-capitão do Bope vê falta vontade política e uma incompetência principalmente do legislativo, que “não pensa, não consegue se mobilizar ou formar uma massa crítica no Congresso Nacional”. Assista à entrevista completa ao Jornal da Manhã:

Paulo Storani é ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da Polícia Militar do Rio, mestre em antropologia e pós-graduado em administração pública e gestão de recursos humanos.

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