Serviço geológico brasileiro aponta 13 áreas de alto perigo em cânions do rio São Francisco

Monitoramento foi intensificado na região após acidentes com paredões que ocorreram no lago de Furnas, em Capitólio, Minas Gerais

  • Por Jovem Pan
  • 09/05/2022 08h24 - Atualizado em 09/05/2022 11h47
Joel Silva/Fotoarena/Estadão Conteúdo Local onde Rocha se desprendeu do lado direito da cachoeira em Cânion na represa de Furnas Local do deslizamento de rocha em Capitólio, Minas Gerais

Após o acidente com paredões no lago de Furnas, em Capitólio, Minas Gerais, o serviço geológico do Brasil fez uma avaliação em alguns locais do país e apontou 13 áreas de alto perigo em localidades dos cânions do rio São Francisco. Até então, o lugar nunca tinha passado por uma avaliação. Os cânions do Velho Chico ficam na divisa entre os Estados de Sergipe, Bahia e Alagoas. São 60 quilômetros de paredões de rochas com até 100 metros de altura. A estrutura tem tipos de rochas distintas, em alguns pontos são sedimentares, com mais de 300 milhões de anos, em outros são de rochas metamórficas, que são mais estruturadas e têm mais de 800 milhões de anos. Segundo os geólogos, toda a área do rio São Francisco deve ser monitorada pelo menos uma vez por ano.

O desastre em Capitólio também afetou o turismo no Xingó. Muitas pessoas ficaram com receio de visitar o local. Patrícia Vitor, secretária de Turismo de Canindé, diz que as autoridades se mobilizaram para tranquilizar a população quanto a segurança do local. “Muito rapidamente, todos nós unimos forças para informar, para mostrar ao turista que o nosso destino é seguro e que nós somos muito preocupados com a prevenção para resguardar a todos e principalmente a vida. O prejuízo inicialmente foi já algumas ligações que foram recebidas pelos empreendimentos locais, hospedagem, meios de hospedagem, passeios, operadores turísticos, que receberam ligações de desistência, pessoas com medo”, relata.

Agora, especialistas e alunos da Universidade Federal de Sergipe preparam um programa para fazer uma avaliação. O pesquisador de geologia da universidade, Júlio César Vieira, diz que o objetivo do trabalho é identificar possíveis problemas o quanto antes. “Identificar falhas, descontinuidades, outras características geológicas que possam oferecer risco. Esses riscos podem estar no subsolo, podem estar soterrados, eles não sejam perceptíveis às pessoas que estejam ali presentes. Então a gente se antecipa ao fato de qualquer coisa que possa acontecer”, afirma.

Para esse trabalho, o uso da tecnologia será fundamental. Além de drones, serão usados equipamentos que trazem detalhes minuciosos da área para serem estudados nos laboratórios com mais profundidade. O comandante da Defesa Civil de Sergipe, Luciano Queiroz, destaca a necessidade de ter conhecimento sobre a situação das rochas. “Esse é o nosso intuito, gerenciar o risco, fazer o mapeamento dessas áreas de possíveis riscos aqui nos paredões do cânion. A gente sabe que tem características diferentes do Capitólio, mas a gente precisa fazer essa setorização de áreas, de possíveis riscos, para que, se ocorrer, a gente possa, da melhor forma possível, elaborar nossos planos de contingência e fazer a resposta a possíveis desastres aqui nessa localidade”, explica.

É quase impossível evitar que as rochas desabem já que elas estão suscetíveis aos impactos naturais, como a ação do vento, da chuva e até da própria gravidade. No entanto, o que pode e deve ser feito pelas autoridades é isolar as áreas de risco para que a população não frequente esses locais.

*Com informações da repórter Camila Yunes

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