Servidores da Polícia Federal e do Banco Central mantém mobilização por reajuste salarial
Expectativa é que a proposta de aumento de 5% do governo seja enviada ao legislativo antes do dia 22 deste mês, a tempo de abrir espaço no orçamento com o corte de outras despesas; impacto será de R$ 6,3 bilhões
Na última quinta-feira, 12, delegados federais cruzaram os braços por uma hora em atos por todo o Brasil com a participação de profissionais de outras carreiras, em manifestações simultâneas. Luciano Leiro, presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, explica que o objetivo era exigir o cumprimento do compromisso do governo federal com a reestruturação e valorização das carreiras policiais da esfera federal, com o orçamento aprovado em lei de R$ 1,7 bilhão. “As manifestações visam mais uma vez demonstrar a insatisfação dos delegados de polícia federal, com relação ao não cumprimento pelo presidente da República do compromisso firmado publicamente, inclusive com a dotação orçamentária necessária para a nossa reestruturação. A grande maioria dos Estados teve essa valorização para as forças policiais, mas, até o momento, nós não temos ainda a valorização devida pelo governo federal”, declarou Leiro.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, policiais se reuniram para uma mobilização em frente à superintendência da PF em Porto Alegre e em várias unidades em todo o Estado. Isso ocorreu em protesto à possibilidade de reajuste linear de 5% a todos os servidores públicos federais a partir de julho de 2022 depois de o governo federal ter acenado com um ajuste específico para a área da segurança, abrangendo a PF, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a polícia penal, os agentes penitenciários. Isso também não agradou outras categorias como os servidores do Bando Central e da Receita Federal, que também promovem uma série de protestos desde o início do ano, em busca de maiores reajustes.
Para completar, o Banco Central apresentou uma minuta de medida provisória ao Ministério da Economia com o pedido de um reajuste de 22% para os servidores. Mas o próprio BC recuou horas depois, alegando inconsistência na proposta de reajuste salarial, que ficou muito acima da negociada pelo governo. O pedido foi visto como um exagero, já que representa quase o dobro da inflação acumulada em 12 meses, até abril de 2022, e se aprovada, a medida resultaria em um aumento de R$ 6 mil reais no contracheque de um analista no topo da carreira, por exemplo.
No geral, os servidores reivindicam pelo menos 27% e um bônus de produtividade. Eles estão em greve pela segunda vez neste ano, desde o dia 3 de maio. Atualmente, a remuneração inicial de um técnico, que não precisa ter curso superior, é de R$ 7,5 mil e a de um analista em início de carreira é de R$ 19,2 mil. A expectativa é que a proposta de aumento de 5% do governo seja enviada ao legislativo antes do dia 22 deste mês, a tempo de abrir espaço no orçamento com o corte de outras despesas. O impacto desse reajuste para todo o funcionalismo público neste ano será de R$ 6,3 bilhões.
*Com informações da repórter Katiuscia Sotomayor
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