Setor do aço pode ir à Justiça caso Trump imponha tarifas ao produto
A indústria brasileira do aço não descarta a possibilidade de ir à Justiça contra as mudanças tarifárias anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos. Donald Trump publicou, na segunda-feira (2), em suas redes sociais, que vai impor taxas sobre a importação de aço e de alumínio do Brasil e da Argentina. Segundo o republicano, os dois países estão “desvalorizando as próprias moedas”, o que estaria prejudicando os agricultores norte-americanos.
O presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, afirmou que o setor foi procurado por escritórios de advocacia especializados em comércio internacional. “Nós temos, nesse momento, uma situação em que nada foi formalizado – existe um tuíte do presidente. Estamos aguardando que não se avance com essa formalização. Caso ocorra, eu acho que a gente entra em um segundo estágio em que o governo brasileiro – aí, sim, de forma oficial – vai estabelecer algum nível de negociação, e tem instrumentos para isso, para tentar reverter a decisão. Caso isso não ocorra, a terceira etapa seria uma ação, da nossa parte, da iniciativa privada, no campo jurídico”, disse.
Segundo Lopes, a indústria recebeu com perplexidade o anúncio do presidente norte-americano principalmente porque, em outubro, representantes do setor viajaram para Washington com o objetivo de tentar reverter as cotas limitadas de exportação. Elas foram adotadas no ano passado, depois de Trump tentar impor tarifas ao aço brasileiro pela primeira vez.
Nesta quinta-feira (5), Lopes anunciou a estimativa de balanço do setor, que prevê queda de 8,2% na produção de aço bruto em 2019. As vendas internas devem cair 2,3% o, e as exportações terão baixa de 6,7 pontos.
De acordo com o presidente do Instituto Aço Brasil, a tragédia de Brumadinho, que ocorreu em janeiro deste ano, impactou a indústria siderúrgica. Ele também apontou que o mercado interno deprimido e a turbulência no cenário internacional colaboraram para o resultado negativo.
“Trouxeram fechamento de minas que necessariamente não deveriam ser fechadas e, com isso, houve um comprometimento do abastecimento do minério para as usinas siderúrgicas. Essa operação toda, com o acidente, a tragédia de Brumadinho, trouxe uma situação que, no primeiro momento o minério, que custava US$ 60, teve uma alta acima de US$ 100. O processo de blindagem do minério, por mudar as suas características, também trouxe o empobrecimento do que seria a mistura do produto, e isso acaba por acarretar também dificuldades no processo produtivo das usinas”, comentou.
Para 2020, o setor brasileiro do aço espera aumento de 5% tanto da produção, das vendas e do consumo aparente.
*Com informações da repórter Nicole Fusco
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