Sindicatos projetam centenas de demissões e Ford já discute situação no TST
De acordo com o governador da Bahia, Rui Costa, a montadora tem discussões em andamento para a venda da fábrica
O anúncio do encerramento das atividades da Ford no Brasil segue repercutindo nos setores econômicos e políticos. A terça-feira, 12, foi dia de protestos e tristeza na porta da fábrica de Camaçari, na Bahia. Resultado da ação irresponsável da Ford, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Estado, Julio Bonfim. “Isso vai impactar diretamente no PIB de toda a Bahia e, mais ainda, no bolso de cada trabalhador. Uma irresponsabilidade que a Ford tá fazendo”, disse. “Essa notícia não foi bem recebida porque a gente sabe o impacto que isso tem na nossa cidade. A gente sabe que, direta e indiretamente, são 10 mil pessoas desempregada. A cidade, em si, vai sofrer com esse impacto”, completou a funcionária Josy Almeida. O governador baiano Rui Costa fez reunião com um grupo de trabalho para dar destinação ao complexo montado por lá.
De acordo com ele, a Ford tem discussões em andamento com outras montadoras para a venda da fábrica, a maior da montadora na América do Sul. “Um comitê para fazer um cadastro específico e detalhado de todos os trabalhadores para ter esse banco de dados para as empresas e empreendimentos que aqui cheguem.” Rui Costa disse também que o governo estadual contatou as embaixadas da China, Japão e Coreia do Sul em busca de interessados em assumir o espaço. Segundo o governo baiano, foram concedidos à Ford R$ 948 milhões em benefícios fiscais entre 2018 e 2020. Já o investimento da empresa em Camaçari entre 2015 e 2019 foi de R$ 2,5 bilhões. O BNDES também entrou no assunto e cobrou explicações à Ford ontem. Isso porque o banco disse não ter sido avisado da decisão, uma vez que a montadora possui dois financiamento que somam R$ 335 milhões. O BNDES informou que mais da metade do prazo total já passou e os pagamentos estão em dia. De acordo com o banco de investimentos JPMorgan, a Ford amargou prejuízo de US$ 300 milhões em 2019 nas operações na América do Sul. Ontem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, falou a jornalistas e criticou a falta de competitividade industrial brasileira e os entraves tributários do país. “Então eu não tenho dúvidas de que o caso da Ford merece um ponto de interrogação sobre o porquê disso. E como um país do tamanho e importância do Brasil são preteridos por dois países que não tem a dinâmica como o Brasil.”
Renato da Fonseca, gerente executivo da Confederação Nacional da Indústria, em entrevista à Jovem Pan, afirmou que o brasil é um país caro e inseguro para negócios. “Então você tem um custo de se adaptar às novas legislações, um dos maiores problemas que tentamos reparar com a reforme, e se preparar para conhecer a tributação em 27 estados. É difícil, no Brasil, até de um estado para o outro. O caminho é por aí. Reformas estruturais, redução do Custo Brasil.” Pelo Brasil, muitos consumidores foram para revendas da marca em busca de cancelar compras e encomendas de veículos 0 km. Muitas lojas devolveram dinheiro e aceitaram a desistência dos clientes. A montadora tenta tranquilizar seus clientes e apenas publicou uma lista com perguntas e respostas em seu site. Diretores da empresa se reuniram ontem com a presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Maria Cristina Peduzzi. De acordo com uma nota divulgada pelo TST, a montadora explicou que buscou por alternativas antes de tomar a decisão de interromper a produção de veículos no país.
*Com informações do repórter Fernando Martins
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