‘Certamente houve conivência’, afirma promotor brasileiro sobre fuga de presidiários no Paraguai

  • Por Jovem Pan
  • 20/01/2020 10h27 - Atualizado em 20/01/2020 10h54
Reprodução/Porã News Pedro Juan Caballero Paraguai 75 presos, 40 deles brasileiros, fugiram da penitenciária de Pedro Juan Caballero

As fronteiras brasileiras entraram em alerta após a fuga de 75 membros do PCC de um presídio paraguaio na cidade de Pedro Juan Caballero, na madrugada deste domingo, 19 – 40 deles, brasileiros. Na avaliação do promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo, Lincoln Gakiya, que concedeu entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, o sistema prisional do país vizinho precisa para revisto para que novas ações como essa sejam evitadas.

“Assim como no Brasil, o sistema penitenciário é delegado ao segundo plano no Paraguai. São profissionais que na maioria das vezes, são cooptados pelo crime, e parece que foi o que aconteceu neste caso.”

Gakiya levanta a possibilidade de ter havido algum tipo de colaboração dos funcionários do presídio, visto que o grupo fugiu usando um túnel cavado dentro da prisão. “A fuga obviamente poderia ser evitada. Um túnel dessa proporção não se cava em algumas horas ou dias, esse certamente foi cavado por semanas ou meses. Uma revista tem que ser feita dentro da penitenciária, sobretudo dentro dos raios que os presos se encontram e nas celas. Não é possível uma quantidade enorme de sacos de areia não ser percebida. Certamente houve conivência.”

Segundo o promotor, embora as autoridades mantenham uma relação de cooperação, não há um acordo direto firmado entre o Estado de São Paulo e a justiça paraguaia. Já a Polícia Federal mantém uma relação estreita com a Senad, a polícia paraguaia, e já colaborou para que membros da facção fossem presos naquele país.

O patrulhamento das fronteiras tem sido reforçado para evitar que os membros da facção retornem ao Brasil, mas as características das regiões de divisa dificultam o trabalho da polícia, aponta Gakiya. “A fronteira é seca, muito difícil de ser patrulhada, mas mesmo assim foram deslocados muitos policiais para o local para evitar a entrada ou pelo menos capturar os criminosos que tentarem entrar no Brasil”.

Associação entre facções

Sobre a associação do PCC a grupos terroristas e extremistas em outros países, o promotor ressaltou que mesmo praticante de atos de natureza terrorista no Brasil, como atentados e assassinatos de juízes, policiais e bombas, a facção busca apoio visando exclusivamente o fortalecimento e proteção do seu maior carro chefe, o tráfico de drogas.

“Quando há essa associação é para compra de armamento, explosivos ou drogas, como foi com as FARC, na Colômbia, e no Paraguai, com o Exército do Povo Paraguaio (EPP). Essas ações são sempre no intuito de facilitar o tráfico de drogas. Sempre para garantir que ele tenha sucesso.”

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