Solução para redução do preço do combustível passa por reforma tributária, dizem empresários

Especialistas defendem alterações na cobrança do ICMS, PIS, COFINS para que possa haver estabilidade nos valores finais da gasolina e do diesel

  • Por Jovem Pan
  • 12/03/2022 13h03
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Foto: ROMILDO DE JESUS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 4/1/22 Tabela de preço de combustível em posto de Salvador Movimentação em posto de combustível na cidade de Salvador

A guerra na Ucrânia amplia a discussão contra a atual política internacional de preços da Petrobras. A estatal garante autossuficiência em petróleo, mas brasileiros cobram redução dos valores nas bombas dos postos de combustíveis. Em ano eleitoral, o Congresso Nacional busca mostrar serviço com a discussão de inúmeras propostas. O presidente Jair Bolsonaro (PL) já defendeu a venda da estatal e culpa os governadores pelos elevados valores. Já os chefes dos executivos estaduais garantem que congelaram o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), mas mesmo assim os combustíveis subiram. Na prática, o brasileiro fica mais pobre quando abastece o veículo. Empresários afirmam que a solução necessariamente deverá passar por uma profunda e robusta reforma tributária.

O advogado Antônio Carlos Moradi ressalta que não haverá solução tributária fácil a curto prazo. “Os acionistas estrangeiros, internacionais, estão levando US$ 100 bilhões por ano de dividendos da Petrobrás. Todos os empresários que prezam suas empresa, quando eles obtém lucro, eles não tiram todo o lucro para eles, eles separam um certo tanto de percentual, de valor, para investir na própria empresa. Esses são os os empresários pujantes, aqueles empresários que querem crescer. Por que a Petrobras está fazendo isso?”, questiona.

A Câmara dos Deputados aprovou o projeto que muda incidência do ICMS sobre os combustíveis. O texto já havia sido discutido pelo Senado Federal e, agora, só depende da sanção do presidente Bolsonaro. O projeto determina que o imposto incidirá uma vez e não mais em toda a cadeia, com alíquota única em todo o país. O setor de logística aponta que o diesel pode superar 50% do custo das empresas. O presidente Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e região, Adriano Depentor, avalia que a crise ressalta necessidade da tão adiada reforma tributária no Brasil. “É um ótimo momento para desencadear um processo de reforma tributária. Que você fizesse de forma ampla, com relação a ICMS, PIS, COFINS, no preço dos combustíveis para que pudesse dar uma estabilidade perene nesses aumentos”, denfede.

O mercado rejeita intervenções do governo nos preços. A Petrobras é estatal, mas tem ações nas bolsas dos Estados Unidos e do Brasil. Após o anúncio da elevação dos combustíveis suas ações subiram. O diretor da Associação Brasileira dos Revendedores de Combustíveis Independentes e Livres (AbriLivre), Rodrigo Zingales, reforça a situação excepcional e cobra ação dos governos federal e estaduais. “Aqueles que são mais a favoráveis ao liberalismo, vejam que a gente está numa situação bastante peculiar e que é importante que, nesse momento, a gente pense no Brasil e não em um grupo restrito de acionistas ou mesmo numa ideologia de uma política liberal e, especificamente nesse momento, que os preços dos combustíveis deixem de aumentar, porque isso é péssimo para o revendedor, péssimo para o consumidor e péssimo para o Brasil como um todo”, diz.

O ICM é o imposto mais importante dos estados. Em 2022, o total arrecadado nas 26 unidades federativas e no Distrito Federal atingiu R$ 690 bilhões. A fatia dos combustíveis somou R$ 101 bilhões. Daí a razão defesa dos governadores do impacto nos seus cofres. Em março, o ICMS representa 26,6% do preço do litro da gasolina e no diesel 14%. A base dos estados é o preço da bomba, ou seja, se o preço sobe, a arrecadação aumenta proporcionalmente. Razão das críticas do presidente Jair Bolsonaro que alega que zerou os impostos federais ao diesel, gás de cozinha e que haveria espaço nos estados. Os governadores rebatem, afirmando que congelaram suas alíquotas. Mesmo com o aumento, a Petrobras estaria ainda com 10% de defasagem nos seus preços em relação ao mercado internacional.

*Com informações do repórter Marcelo Mattos

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