Suicídio de policiais cresce 112% em 2018

  • Por Jovem Pan
  • 28/08/2019 07h06 - Atualizado em 28/08/2019 10h02
Tânia Rêgo/Agência Brasil Polícia Civil Maiores vítimas são homens em cargos de baixa patente

Um levantamento do Grupo de Estudo e Pesquisa em Suicídio e Prevenção chama atenção para o crescimento nos casos de suicídio entre agentes de segurança no Brasil. Segundo o relatório divulgado nesta terça-feira (27), em 2018, houve um aumento de 112% nas mortes por suicídio entre esses profissionais em relação a 2017.

Os casos relatados envolvem servidores da Polícia Civil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal. A maior parte das vítimas são homens que ocupam cargos de baixa patente e com média de idade de 39 anos.

O professor da FGV e especialista em segurança pública, Rafael Alcadipani, diz que os dados mostram a necessidade de mais políticas de amparo ao policial e ressalta que tratá-lo como herói pode ser um erro. “O herói é aquele que não tem medo, que não tem receio, que não tem necessidades básicas do ser humano porque ele é um herói, então ele vence tudo. E felizmente os outros policiais são seres humanos e precisam ser tratados como tal. Precisa evoluir muito as culturas organizacionais das polícias para que elas sejam mais receptivas ao ser humano.

A pesquisa reconhece que os dados ainda estão longe de representar a realidade, já que os casos de suicídio entre policiais ainda são subnotificados no país.

Em São Paulo, os números podem ser ainda mais alarmantes. Segundo a ouvidoria da polícia do estado, houve um aumento de 60% nos registros de suicídio entre 2017 e 2018. Apenas em 2019, já foram registrados 22 casos.

O ouvidor, Benedito Mariano, afirma que pelo menos seis ocorreram com policiais civis. “Proporcionalmente, o número de suicídios na polícia civil é maior do que na militar. Uma das razões pode ser, na polícia civil, que ela vem sofrendo um esvaziamento no seu efetivo, ela diminuiu de tamanho, o que indica que os policiais, eventualmente, estão trabalhando mais estressados.”

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) diz que a Polícia Civil possui uma Divisão de Prevenção e Apoio Assistencial, com psicólogos e assistentes sociais disponíveis para atender os policiais. Ainda de acordo com a SSP, a Polícia Militar conta com o Sistema de Saúde Mental, que disponibiliza núcleos com profissionais para atendimento aos agentes em todo Estado.

*Com informações da repórter Victoria Abel

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