Superada por SP, transmissão do HIV de mãe para filho é um desafio no restante do Brasil
Apenas duas cidades, além da capital paulista, têm o certificado de eliminação: Curitiba e Umuarama, no Paraná
A eliminação da transmissão do vírus HIV, da Aids, de mãe para filho foi conquistada pela cidade de São Paulo, mas ainda é um desafio para as demais cidades brasileiras. Essa é uma das seis prioridades da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, junto com a eliminação da sífilis e da hepatite B.
Apenas duas cidades, além da capital paulista, têm o certificado de eliminação: Curitiba e Umuarama, no Paraná. Para o infectologista Jean Gorinchteyn, a notícia mostra a importância das políticas públicas.
“Essa é uma grande notícia pra São Paulo, mostrando que as políticas foram realmente efetivas, não só de diagnosticar, de fazer a testagem mais precoce, como também de disponibilizar de forma gratuita os medicamentos do HIV, assim como orientar as pacientes a realizar a cesariana e orientar para a não amamentação”, afirmou.
De acordo com Gorinchteyn, a eliminação da transmissão do HIV de mãe para filho é um assunto multidisciplinar, que precisa do envolvimento de diversas áreas, não só a da saúde. “A gente sabe que especialmente algumas populações, principalmente aquelas mais vulneráveis, como os moradores de áreas livres, a gestação acontece muitas vezes com a associação de uso de drogas e relações com vários parceiros sem proteção, que é o fator favorecedor pro HIV”, explicou o infectologista.
O anúncio de que São Paulo havia eliminado a transmissão vertical foi feito pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Para conseguir o certificado de eliminação, o município precisa ter mais de cem mil habitantes e atender alguns critérios estabelecidos pela Organização Pan-Americana de Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Por exemplo, a cidade precisa atingir os indicadores de impacto, que são: ter taxa menor ou igual 0,3 de incidência de novos casos de HIV em criança; e taxa menor que 2% de crianças infectadas pelo vírus entre as crianças expostas acompanhadas pelo SUS.
Além disso, 95% das mulheres da cidade precisam ter pelo menos quatro consultas no pré-natal; uma testagem de HIV no pré-natal; e as mulheres que têm o HIV precisam fazer uso da terapia antirretroviral e tratamento de crianças que também já tenham o vírus.
No mundo
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 17 países e territórios nas Américas conseguiram eliminar a transmissão de mãe para filho do HIV e da Sífilis. Entre eles estão os Estados Unidos, Canadá e Chile. O Brasil faz parte das nações que tiveram progresso nos últimos anos e está próximo da eliminação.
* Com informações da repórter Nicole Fusco
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