Weintraub diz que Tarcísio e Garcia não são de direita: ‘Eu ocupo espaço que não está atendido’

Ex-ministro da educação é pré-candidato ao governo do Estado de São Paulo pelo Brasil 35 e se coloca como oposição a Bolsonaro, mas também a Lula

  • Por Jovem Pan
  • 08/04/2022 08h19 - Atualizado em 08/04/2022 15h48
Marcos Corrêa/PR Abraham Weintraub Abraham Weintraub, ex-ministro da educação do governo Bolsonaro e atual pré-candidato ao governo estadual de São Paulo

O ex-ministro da Educação e atual pré-candidato ao governo do Estado de São Paulo pelo partido Brasil 35 Abraham Weintraub critica as alianças que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez nos últimos anos. Ele se diz oposição ao atual governo e também a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que polariza junto do presidente a principal disputa eleitoral de 2022. Weintraub concedeu uma entrevista ao vivo nesta sexta-feira, 8, ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, para falar sobre a corrida eleitoral em São Paulo. Para ele, sua posição no Estado é de “ocupar um espaço natural que hoje não está atendido” pela direita, já que defende que nem o candidato de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e nem o atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), representam tal expectro político e de ideias. Ele ainda negou que fosse apoiar Lula e votar nele em outubro de 2022.

“Você veja os ataques que eu sofri ontem… Estão falando agora que eu defendo o Lula, que eu vou votar no Lula. É uma loucura isso. Um completo contrassenso. Começaram justamente no dia que o [governador] Rodrigo Garcia estava recebendo apoio do PL no Estado de São Paulo, PL que é o partido do presidente [Bolsonaro] e do Centrão, do Waldemar da Costa Neto. Existe uma articulação. Esse dinheiro que foi disponibilizado, com o fundão eleitoral de R$ 4 bilhões, irrigou muito os cofres dos partidos para eles conseguirem montar uma base que segue uma agenda. Não considero o Rodrigo Garcia de direita. Ele é ligado ao Geraldo Alckmin, ao Gilberto Kassab, ele é vice de… é ligada a gente que é a pior… uma das piores coisas que tem na política. E o Tarcísio… pergunta para ele se ele é de direita. Ele vai falar que não. Trabalhou com a Dilma [Rousseff] e com o Lula, como indicado. Ele acabou de privatizar o porto de Santos por 70 anos para a China, a China controlada pelo governo chinês, não um grupo de empresários. Para mim, ele não é de direita. Infelizmente o governo Bolsonaro permitiu a entrada do Centrão. O Centrão se apossou e tirou a alma do governo. A proposta que a gente tinha era para enfrentar esse mecanismo que está aí. Não vejo que a gente está disputando o mesmo espaço. Eu vejo o oposto, a preocupação da gente ocupar um espaço natural que hoje não está atendido”, declarou Weintraub.

Questionado sobre a pesquisa Datafolha, que o coloca com apenas 1% das intenções de votos da população paulista, o ex-ministro criticou o instituto e a família a quem ele pertence: “A Folha pertence à família Frias, que tinha a gráfica Plural, não estou falando que a pesquisa é fraudulenta, mas a gráfica Plural fazia o Enem lá atrás, nesse período que está sendo investigado agora de superfaturamento. E, durante muito tempo, houve muita pressão para que eles voltassem para o jogo. Então é muito complicado, tem muito interesses econômicos, muitos deles ilegítimos, envolvidos na política. Eu pude constatar isso muito de perto (…) A pesquisa Datafolha não tem credibilidade. A família Frias tem um portfólio de investimentos. A Folha é como o Twitter para eles. Eles não ganham dinheiro através do Datafolha, nem da Folha de São Paulo, eles ganham com a gráfica Plural e com um monte de outros investimentos que, eventualmente, estão misturados, sim, com o governo. Eu senti na pele o que é ter a família Frias do outro lado do balcão. É muito difícil, não tem como negar. A Folha é um instrumento da família Frias e o Datafolha também, eu não confio na pesquisa”

“Sem dúvida eu perdi espaço. Pesquisas feitas pelo El Pais e outros institutos estão me colocando com 17% [das intenções de votos]. El Pais foi com 14,9%. Eu estava colocado com o [Fernando] Haddad (PT). Começou um movimento muito forte comandado pelo Centrão, que hoje eu diria que comanda o governo, é o principal vetor, para desconstruir a minha imagem. Isso veio sendo feito ao mesmo tempo em que foi lançado o nome do Tarcísio de Freitas, que tem um bom trânsito com o Centrão, não tem como negar. E nesse processo eu acho que eu perdi espaço. Mas, se eu fosse tão inexpressivo, por que tantos ataques gratuitos? Por que eles não me deixam em paz? A verdade causa um impacto muito grande, ela machuca muito”, disse Weintraub.

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