Tebet critica ‘vale-tudo’ eleitoral e crê em derrubada: ‘Tenho que acreditar no bom senso dos meus colegas’
O Senado pode votar nesta terça-feira, 17, projeto de lei que afrouxa regras para partidos, abre brecha para o caixa dois e dá margem ao aumento da quantidade de dinheiro público destinado às legendas, além de flexibilizar normas de prestação de contas. A proposta permite, ainda, que advogados e escritórios de contabilidade sejam pagos com dinheiro dos partidos.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, a senadora e presidente da CCJ, Simone Tebet (MDB-MS), afirmou que a chegada do texto causou espanto em parte dos parlamentares. O projeto foi votado a toque de caixa na Câmara dos Deputados e, no Senado, alguns parlamentares não tinha ciência do conteúdo. “Não conseguimos sequer saber o que estávamos votando, foi necessário a intervenção de vários colegas”, diz. “Como é que os representantes do povo vão permitir um aumento de recursos para o Fundo Eleitoral quando sequer temos recursos básicos para saúde e moradia?”
Tebet diz ter confiança de que a casa chegará a um acordo para derrubar o texto ou para que, ao menos, siga o caminho correto dentro do Senado, sendo possível retirar excessos e injustiças. “Acredito no bom senso do plenário. Não é possível que não tenhamos 41 colegas enxergando que esse projeto representa um retrocesso naquilo que estamos tentando a duras penas conquistar da sociedade, que é a confiança”, explica.
O texto foi aprovado na Câmara no último dia 4 e entrou na pauta do Senado na quarta-feira passada. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), tentou votá-lo no plenário naquele mesmo dia, mas cancelou a votação após ser pressionado por um grupo de senadores contrários ao projeto. Grandes partidos, porém, querem que o projeto seja aprovado imediatamente.
Um grupo formado pelo núcleo conhecido como “lavajatista” e por legendas do bloco da oposição, como Rede e Cidadania, tenta barrar o projeto. Essa ala, porém, calcula ter 22 votos contra a proposta, o que não seria suficiente para impedir sua aprovação. A estratégia, então, é tentar obstruir a votação e arrastar a tramitação até que o Senado não consiga mais aprovar as regras a tempo de abastecer as legendas na próxima eleição.
A pressa dos parlamentares tem uma explicação: para que as regras sejam válidas nas eleições municipais de 2020, a nova lei precisa estar aprovada e sancionada um ano antes do pleito, que tem o primeiro turno marcado para 3 de outubro.
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