Tecnologia ajuda Reino Unido a evitar traumas para imigrantes europeus após Brexit
Faltam menos de duas semanas para o Reino Unido deixar a União Europeia e concretizar o polêmico Brexit. Diversos aspectos da separação, que foi descrita por aqui como retirar um ovo de dentro de uma omelete, ainda seguem longe de serem definidas.
Uma, porém, que era considerada talvez a mais delicada de todas, está caminhando de maneira relativamente organizada.
A situação dos imigrantes europeus que moram no Reino Unido tem sido conduzida para trazer menor trauma possível para quem pretende ficar. O governo britânico afirma que mais de 2,7 milhões de europeus se inscreveram no programa de residência aberto em março de 2019.
É um número bastante expressivo e que só pode ser alcançado em menos de um ano porque os britânicos optaram pela tecnologia. Não houve fila, não houve esperas e nem burocracia para a maior parte dos imigrantes que usaram o esquema.
Na verdade, basta baixar um aplicativo androide no celular, escanear o passaporte, colocar o número de seguro social e esperar alguns dias. Para quem já estava por aqui há mais de cinco anos foi concedido o status de residente permanente.
Os europeus a menos tempo que isso no país ganham um visto de residente provisório até atingir a marca dos cinco anos. Tudo muito rápido e, mais importante, sem cobrança de taxa alguma.
A título de comparação, um imigrante extra-comunitário, como do Brasil, por exemplo, chega a gastar o equivalente a mais de R$ 10 mil para conseguir o mesmo documento e ainda tem que esperar cerca de seis meses — se der tudo certo no processo.
Os britânicos criaram uma via expressa para os europeus porque a economia local precisa muito desses imigrantes, sobretudo em Londres. Além, é claro, pelos desafios operacionais e ainda o orgulho nacional. Ninguém queria criar mais confusão desnecessária nesta história toda.
O governo de Londres também já avisou que os imigrantes europeus que não respeitarem o prazo limite para solicitar a permanência no país, que termina no meio do ano que vem, não serão caçados na rua para serem deportados — sim, porque o home office faz isso sistematicamente com quem não segue as regras imigratórias do país.
No final das contas, o gosto pode ser amargo para quem não votou pelo divórcio. Mas, aparentemente, não haverá caos nas ruas nem nas fronteiras britânicas depois de meses de especulações.
O acordo firmado por Boris Johnson com Bruxelas, ratificado pelo parlamento e, em última instância, pelas urnas, foi crucial para manter o senso de ordem que os britânicos tanto cultivam.
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