Temer acusa MPF de coagir Joesley a gravar conversa que desencadeou crise

  • Por Jovem Pan
  • 22/10/2019 07h07 - Atualizado em 22/10/2019 10h38
Marcos Corrêa/PR Michel Temer O ex-presidente Michel Temer esteve em evento com empresários e advogados em São Paulo, nesta segunda-feira (21)

O ex-presidente Michel Temer disse nesta segunda-feira (21) que o Ministério Público Federal coagiu o empresário Joesley Batista a gravar a conversa que gerou a denúncia de obstrução de Justiça contra ele na Lava Jato.

No áudio da conversa entre Temer e Joesley, divulgado em 2017, o ex-presidente teria dito a frase “Tem que manter isso, viu?”.

Segundo o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a fala fazia referência a pagamentos indevidos ao doleiro Lúcio Funaro e ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, preso em Curitiba.

Na semana passada, Temer foi absolvido das acusações pelo juiz federal Marcus Vinícius Reis Bastos.

Para o ex-presidente, Joesley teria gravado a conversa porque precisava de um elemento a mais que provasse as acusações da delação premiada negociada com a procuradoria.

“Tinha um empresário que foi falar comigo uma noite e levou um gravador. Esse cidadão, que estava precisando fazer uma delação, levou vários elementos e o MPF disse ‘isso aqui não dá, se você trouxer o presidente da República, daí muda a conversa’.”

O ex-presidente também voltou a dizer que a frase “Tem que manter isso, viu?” tratava da amizade entre Joesley e o deputado Eduardo Cunha. Michel Temer ainda afirmou que o ex-procurador geral da república Rodrigo Janot visualizou um momento político estratégico para realizar a denúncia e soltar a gravação.

Segundo Temer, Janot não estaria interessado na aprovação da reforma da Previdência. “Sabe quando nós iriamos aprovar a Previdência? Em maio de 2017. Quando Janot soube disso ele soltou a gravação porque ele não queria a reforma da Previdência.”

Ao relembrar a crise gerada pela divulgação do áudio de Joesley, Michel Temer ainda afirmou que não teve a intenção de renunciar e que, se o fizesse, estaria se declarando culpado.

“Eu disse ‘não vou renunciar de jeito maneira’ e por uma razão singela: se eu renunciar, me auto declaro culpado. Eu sei o que fiz, vou enfrentar isso daí.”

O ex-presidente Michel Temer esteve em evento com empresários e advogados em São Paulo, nesta segunda-feira.

*Com informações da repórter Victoria Abel

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