Temer admite “reexaminar” política de preços da Petrobras
O presidente Michel Temer admite que pode mexer na atual política de preços da Petrobras, alvo de muitas críticas durante a greve dos caminhoneiros. Em entrevista à TV Brasil, na noite desta terça-feira, o presidente disse que o governo já fez tudo que era possível para encerrar a paralisação.
Temer destacou que, apesar das concessões no preço do diesel, a estatal vem se recuperando bem após anos de perdas bilionárias. Mas ressaltou que uma possível mudança na formação dos preços dos combustíveis não pode ser feita de qualquer jeito.
“Convenhamos, a Petrobras se recuperou ao longo destes dois anos. Estava em uma situação, digamos, economicamente desastrosa há muito tempo. Mas nós não queremos, digamos, alterar a política da Petrobras. Nós podemos reexaminá-la, mas com muito cuidado”, disse Temer.
Mas essa declaração de Temer apenas confirma que o governo federal está batendo cabeça na questão do preço dos combustíveis. Mais cedo nesta terça-feira, o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, garantiu na Câmara que o Planalto não pretende interferir na Petrobras.
“Essa prática de intervenção do governo na política de preços da Petrobras gerou uma crise que provocou um prejuízo de mais de US$ 40 bilhões”, disse Moreira Franco na Câmara. O ministro reforçou ainda que a autonomia da Petrobras será mantida, já que interferências políticas anteriores foram desastrosas.
Em conferência com investidores, o presidente da estatal, Pedro Parente, também reforçou que o governo não vai mexer na política de preços. “Dentro do que está em discussão com o governo, está mantido, independentemente da periodicidade, a nossa prerrogativa de fazer os ajustes que sejam necessários”, disse.
Outra autoridade presente no debate da Câmara foi o presidente do Cade, que levou uma série de propostas para reduzir o preço dos combustíveis.
Alexandre Barreto apresentou ideias para ampliar a concorrência no setor e criticou a possibilidade de controle de preços pelo governo.
Atualmente, a Petrobras usa os preços do petróleo no mercado internacional, com cotação em dólar, como referência para ajustar os valores no Brasil.
Esses reajustes estavam sendo feitos diariamente, mas agora haverá uma janela de 60 dias sem mudanças, e depois as alterações serão feitas uma vez por mês.
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