Temer quer que Brasil conduza recomposição política do Líbano
Em entrevista à Jovem Pan, o ex-presidente também falou sobre a reforma tributária: ‘Não podemos perder essa oportunidade’
O ex-presidente Michel Temer disse, em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, nesta terça-feira (11), que o Brasil pode conduzir a recomposição política do Líbano. Ele vai chefiar a missão humanitária brasileira que vai hoje ao país após a explosão na capital Beirute, na semana passada. “Nós podíamos talvez colaborar diplomaticamente para uma eventual recomposição política [do Líbano]”, disse Temer, lembrando da afinidade entre os dois países. O próprio ex-presidente é descendente de libaneses, um dos motivos de ele ter sido escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para chefiar a missão. “Aceitei com muito gosto e razoavelmente emocionado”, afirmou sobre o convite.
Segundo Michel Temer, a população libanesa está “dividida” politicamente, principalmente após a renúncia do primeiro-ministro Hassan Diab, e o Brasil poderia aproveitar os laços com o país para tentar ajudar em uma solução diplomática. “Se pudermos colaborar com isso, será fruto da missão que o presidente Bolsonaro designou”, disse. Ele acredita que o Brasil e a França são os países mais indicados para atuar no tema, levando em conta os laços com o Líbano, mas ressaltou que isso só acontecerá caso haja um desejo das autoridades libanesas. “Só poderemos colaborar se houver entrosamento, um pedido”, ressaltou, mas indicando que acha “provável” que os dois países façam a intermediação de uma renovação política em Beirute.
Relação com o governo Bolsonaro
O convite do presidente Jair Bolsonaro a Michel Temer reforça a boa relação entre os dois. Temer, que foi sucedido por Bolsonaro no cargo, reforçou que o governo atual sempre respeitou a gestão dele e destacou a relação harmoniosa que tem com o capitão reformado. “Fico muito honrado com essa tarefa por várias razões”, disse sobre a missão humanitária. O ex-presidente notou que o fato de ele chefiar a missão a Beirute é um processo “muito civilizado” e algo que acontece em outros países, mas não no Brasil. “É a primeira vez que acontece isso no Brasil”, disse em relação ao convite a um ex-presidente da República para missões oficiais.
Apesar da boa relação, Temer disse que não dá conselhos a Bolsonaro. “Se ele me pedir, posso dar palpite, não conselho”, afirmou. Questionado sobre a reforma tributária, ele ressaltou que são grandes as chances do Brasil aprovar a legislação. “Eu acho que jamais estivemos tão próximos da possibilidade de fazer uma reformulação tributária no país”, comemorou. O ex-presidente, no entanto, disse que a criação de novos impostos pode fazer com que o texto não passe pelo Congresso e a chance de atualizar a legislação tributária seja perdida. “Não pode ter nada que venha onerar o contribuinte ou aumentar a carga tributária. [Com isso] Virá uma resistência”, explicou. “Não podemos perder essa oportunidade”, disse Michel Temer.
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