‘Todas as doenças do calendário juntas matam menos do que a Covid-19 na pediatria’, afirma Kfouri

Comentário foi feito pelo médico ao apontar as vantagens da vacinação de crianças de 5 a 11 anos, como solicitado pela Pfizer à Anvisa

  • 13/11/2021 13h50
Imagem: Reprodução/Pânico Renato Kfouri Renato Kfouri, pediatra e infectologista, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações

A farmacêutica Pfizer pediu autorização à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que a vacina contra a Covid-19 possa ser aplicada em crianças de 5 a 11 anos de idade. Em entrevista ao vivo ao Jornal da Manhã, o infectologista,  pediatra e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, comentou o tema e destacou que, após aprovação da Anvisa, o imunizante deve ser considerado seguro para crianças, principalmente porque poderá ser administrado em doses menores. Ela informou ainda que a faixa etária precisa ser protegida, com a vacina, da Covid-19, já que a doença é mais nociva à vida das crianças do que todas as outras infecções pediátricas juntas. “Todas as doenças do calendário [vacinal da infância] juntas matam menos do que a Covid-19 na pediatria“, afirmou Kfouri

“Quando a gente fala de vacinação da população pediátrica, nós sempre batemos muito na tecla de que adultos são prioridades, crianças são menos afetadas, que possuem menor chance de desenvolver a forma grave, mas, muito diferente do que muitos imaginam, não é um risco desprezível, não é negligenciável. Abaixo de 20 anos de idade, estão 0,4% do total de mortes. Tomemos cuidado de não nos distrairmos em relação a isso, porque 0,4% de 600 mil mortes foram mais de 2.400 crianças e adolescentes que perderam a vida para a Covid-19. É mais do que as mortes somadas de sarampo, coqueluxe, defiteria, paralisia, meningites, gripe, febre amarela, todas as doenças do calendário juntas matam menos do que a Covid-19 na pediatria. Para cada morte dessas crianças, tivemos pelo menos seis vezes mais internações, ou seja, 15 mil crianças internadas desde o começo da pandemia. É importante, sim, a gente vacinar essa população. E as vacinas tem que demonstrar segurança, a mesma segurança que nós exigimos para o licenciamento em adultos. E os dados tão aparecendo. A gente tá vendo, em 5 a 11 anos extremamente segura, extremamente eficaz, um terço da dose, ou seja, a gente pode usar concentração menor aumentando ainda mais o perfil de segurança. Acredito que a Anvisa, este ano aprova a vacinação de 5 a 11 anos, que é um enorme ganho para nossas crianças”, afirmou o pediatra.

O médico ainda apontou que as vacinas são eficazes e que possuem baixa taxa de efeitos colaterais. “São Paulo, por exemplo, já vacinou 97% dos seus adolescentes de 12 a 17 anos, com enorme perfil de segurança. Efeitos colaterais raríssimos, como dor, febre. Para crianças de 2 a 5 anos, nós não temos essa experiência de milhões de doses aplicadas ainda. Temos as experiências dos estudos clínicos, as mesmas que tivemos para as outras faixas etárias. E elas foram muito bem. E é muito importante que esse segmento, que nós chamamos de pós-vacinação, pós-licenciamento, continuar monitorando o risco desses efeito colaterais, às vezes uma inflamação no coração, às vezes uma trombose que algumas vacinas contra a Covid-19 pode levar, reação alérgica, são tão raros que o número de casos prevenidos e, na pediatria não é diferente, supere e muito. Não é atoa que Estados Unidos e maior parte dos países da Europa já estão vacinando adolescentes. Em breve, devemos também ter a aprovação na Europa de 2 a 5 anose idade, como os Estados Unidos já começaram a fazer”, pontuou.

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