Tragédia em São Paulo retoma debate sobre déficit habitacional

  • Por Jovem Pan
  • 07/05/2018 08h16 - Atualizado em 07/05/2018 08h19
Ricardo Cassiano/ PCRJ Ricardo Cassiano/ PCRJ Temer prometeu construir 150 mil moradias populares

A tragédia envolvendo o desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no centro de São Paulo, trouxe de volta ao debate as mazelas da política habitacional no Brasil. No local, viviam cerca de 150 famílias sem-teto que, em busca de um lar, ocuparam o espaço.

Essa é uma realidade antiga do país que, de acordo com estudo da Fundação Getúlio Vargas, tem déficit de 7, 760 mil moradias.

De acordo com Ricardo Luciano Lima, coordenador do Movimento de Luta Social por Moradia, que é responsável pela ocupação do prédio que ruiu e por outras no centro de São Paulo, as ações têm como objetivo chamar a atenção do poder público.

“É pressionar enquanto eles não cumprem o papel deles, que é fabricar unidades habitacionais, retomar os mutirões”, sugeriu.

Só na capital paulista, seriam necessárias 358 mil novas moradias, sendo que a cidade têm mil 385 imóveis abandonados, subutilizados ou terrenos sem edificações. O Governo Federal, por meio do programa Minha Casa Minha Vida, tenta reduzir esses números, que continuam altos. Após a tragédia em São Paulo, o presidente Michel Temer citou a possibilidade de usar os lucros da Caixa Econômica Federal para ampliar a construção de moradias.

“A construção civil é uma das atividades que mais empregam no País. Por isso estamos lançando praticando, finalizando estudos para lançar 150 mil casas”, anunciou Temer.

O presidente Michel Temer também citou a possibilidade de usar os lucros da Caixa para promover empréstimos aos municípios. Para a economista da FGV Ana Maria Castelo, que estuda sobre déficit habitacional há 10 anos, o desabamento no Largo do Paissandu expôs um problema muito maior.

Professora da Universidade Metodista e pesquisadora dos Laboratórios de Gestão de Riscos e de Justiça Territorial da Federal do ABC, Cilene Victor alerta que a tragédia não pode levar a ações precipitadas das autoridades públicas.

“Temos de tomar muito cuidado para que nenhuma política públcia às pressas venha a piorar a situação dessas pessoas de baixa renda”, ressaltou Cilene

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, firmou recentemente uma parceria com o ministro das Cidades, Alexandre Baldy, para a construção de 2,7 mil unidades habitacionais pelo programa Minha Casa Minha Vida, com o objetivo justamente de melhorar a situação de quem mora em áreas de risco. A tragédia no Largo do Paissandu é encarada pelas autoridades como uma lição para evitar situações parecidas.

É o que aponta o procurador-Geral de Justiça do Estado de São Paulo, Gianpaolo Smanio: em todo o estado, mais de três milhões de pessoas moram em locais precários: favelas, cortiços, terrenos irregulares e prédios abandonados, como o que desabou no centro de São Paulo.

Assista à reportagem de Matheus Meirelles ao Jornal da Manhã:

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