Nova gestão da Saúde em SP quer acabar com filas para tratamento de câncer em cem dias, diz secretário
Segundo Eleuses Paiva, há pessoas esperando cuidados há mais de nove meses; plano é que ninguém espere mais de 60 dias para iniciar procedimentos
O secretário da Saúde do Estado de São Paulo, Eleuses Paiva, concedeu entrevista ao vivo para o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, desta terça-feira, 31, para falar sobre a gestão da pasta no novo governo, de Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo ele, ao assumir a pasta, se deparou com um grande problema nas filas do Estado para o atendimento de pacientes com câncer, o que a nova gestão tentará sanar em três meses. “Nós já tínhamos falado muito sobre as questões das filas. Talvez a gente possa até falar em um segundo momento sobre a atitude que tomamos sobre as filas de oncologia, uma meta que vamos enfrentar nos primeiros cem dias. Não queremos que nenhum paciente demore mais de 60 dias para ter seu tratamento de câncer iniciado no Estado de São Paulo. Quando pegamos a pasta, vimos que havia pessoas esperando nove meses pelo atendimento”, disse.
Segundo o secretário, o sistema de Saúde do Estado apresenta uma fila muito grande, mas cada unidade de saúde específica possui sua própria fila. “Na realidade, o Estado não tem a dimensão do número de pessoas em filas. O que nós estamos propondo — vamos começar a fazer isso e acredito que, até o final dos quatro anos de gestão, podemos implantar em São Paulo — são filas únicas, regionais, publicizadas. Para que as pessoas saibam primeiro o local que elas estão na fila; sabermos a demanda que temos e também o que temos de capacidade instalada. Assim, nós teremos condição de dar uma previsibilidade para as pessoas. Essa é a proposta. Que as pessoas possam ser atendidas dentro de um tempo razoável para não terem o problema de saúde agravado por causa da espera”, completou.
Ainda sobre a redução da espera por um atendimento no SUS no Estado, Paiva falou do investimento na atenção básica de saúde. “Eu sempre defendi o SUS, porque acredito que é a maior política social que temos no país, que herdamos da Constituição de 1988. Só que precisamos avançar muito. Eu acredito que, nesses 35, quase 40 anos de SUS, já avançamos bastante, mas temos muito mais para fazer do que foi feito. Aqui em São Paulo nós queremos avançar muito na gestão e na ampliação do acesso das pessoas aos serviços de saúde. Ampliar acesso é as pessoas terem condições de serem atendidas adequadamente. Para isso, vamos utilizar algumas ferramentas novas. Uma delas, na qual vamos apostar muito, é saúde digital, ou telessaúde, ou telemedicina. É uma maneira que temos, num primeiro momento, de implantar teleUTI, para poder unificar o atendimento em unidade de terapia intensiva. Pretendemos fazer isso nos primeiros cem dias. E, num segundo momento, é um suporte na atenção básica de saúde. Sabemos que mais de 80% das pessoas que estão indo a portas de hospitais, pronto-socorro, UPAs, são pacientes que poderiam estar sendo tratadas nas UBS. Então, acreditamos que essa ferramenta possa nos ajudar a tratar adequadamente e resolver o problema das pessoas dentro da UBS, os postinhos. Acredito que isso vai ampliar muito o acesso das pessoas ao SUS”, disse.
O novo secretário de Saúde também informou que uma campanha de vacinação, seguindo recomendações do governo federal, não só para a Covid-19, mas para diversas outras enfermidades, será iniciada no Estado até o dia 27 de fevereiro. “Não só contra a Covid, mas o PNI, Plano Nacional de Imunização. O Estado de São Paulo está aquém do que deveria ser a nossa meta — em torno de 92% a 95%. Nós estamos bem abaixo disso. Então, a ideia é usar os meios de comunicação, as ferramentas que nós temos nas unidades básicas de saúde e aproveitar o retorno das crianças às escolas para ampliarmos a vacinação em São Paulo. Em relação à Covid, recebemos agora do Ministério da Saúde a Pfizer pediátrica e a Pfizer baby, estamos aguardando o diluente para poder começar uma campanha ampliada, principalmente de crianças de seis meses a dois anos de idade e também crianças de três anos a 11 anos. Covid entra já no PNI. O governo federal já sinaliza nesse caminho. Dentro do PNI, primeiro são pessoas com mais de 70 anos, imunodeprimidos, indígenas, ribeirinhos; numa segunda fase, pessoas de 60 a 69 anos; numa terceira, gestantes e puérperas; e numa quarta fase, profissionais da área de saúde.”
Paiva ainda destacou o compromisso de sua secretaria com a agenda de enfrentamento à Cracolândia do governador Tarcísio de Freitas: “O governador Tarcísio, já na campanha, tinha falado da importância que vai dar para o enfrentamento à Cracolândia. Para isso, nós entendemos que um dos fatores que temos que avançar, que não é um problema somente de saúde pública, é um problema para tratarmos de uma maneira transversal. Estão envolvidas as secretarias de Saúde, Assistência Social, Trabalho, Habitação, Justiça, em um trabalho conjunto também com a Prefeitura de São Paulo. A ideia é alinhar políticas de uma maneira transversal, em que todos caminhem para um mesmo status, sem haver em momento algum discordância de uma pasta ou de outra, como vimos no passado. A ideia é trabalhar Estado, município e todas as secretarias afins com o mesmo objetivo”.
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