Turquia promete resposta à ‘declaração ultrajante’ de Biden sobre genocídio na Armênia

No sábado, 24, presidente dos EUA reconheceu formalmente como um genocídio os assassinatos em massa do povo no início do século XX

  • Por Jovem Pan
  • 26/04/2021 06h28 - Atualizado em 26/04/2021 10h16
EFE/EPA/Chris Kleponis / POOL O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante pronunciamento aos americanos Segundo a Armênia e aliados, ao menos 1,5 milhão de pessoas foram assassinadas durante o Império Otomano, a partir de 1915

A Turquia vai reagir de diversas formas e em diferentes graus nos próximos meses à declaração dada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Foi o que informou neste domingo, 25, Ibrahim Kalin, porta-voz do presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, à agência de notícias Reuters. No sábado, 24, Biden reconheceu formalmente como um genocídio os assassinatos em massa do povo armênio no início do século XX pelas mãos do Império Otomano. O democrata afirmou que a declaração não tem como objetivo apontar culpados, mas para garantir que o que aconteceu nunca se repita. No mesmo dia, a Turquia chamou a declaração do presidente norte-americano de populista e afirmou que oportunismo é a maior traição à paz e à Justiça. Ainda não é possível afirmar quais serão as respostas da Turquia contra os Estados Unidos.

O governo turco não especificou, por exemplo, se vai restringir o acesso dos Estados Unidos à base aérea de Incirlik, usada na luta contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque. O professor de Relações Internacionais e coordenador do núcleo de Oriente Médio da ESPM, Gunther Rudzit, cita outras duas possibilidades. “A Turquia deixar passar de vez os refugiados sírios. Isso afetaria diretamente os europeus e se aproximar bastante do presidente russo, Vladimir Putin, e, portanto, se aproximar cada vez mais a Turquia da Rússia.” Segundo Rudzit, a aproximação do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, da Rússia teria sido um dos motivos que fez com que Biden reconhecesse o genocídio da população armênia. Além disso, há um componente interno.

Uma ala do partido democrata cobrava há anos que presidentes, tanto à esquerda quanto à direita do espectro político, reconhecessem o genocídio da Armênia, como explica o professor de relações internacionais. “Com certeza o governo de Washington fez uma cálculo de que, nesse momento em que a economia turca não está indo bem, e que a economia também está afetando bastante a população,  o presidente Erdogan também não vai poder romper com os Estados Unidos.” Segundo a Armênia e aliados, ao menos 1,5 milhão de pessoas foram assassinadas durante o Império Otomano, a partir de 1915. A Turquia, por sua vez, aceita que muitos armênios que viviam no Império Otomano foram mortos em confrontos com as forças otomanas na Primeira Guerra Mundial. O país nega, no entanto, que as mortes tenham sido sistematicamente orquestradas e constituído um genocídio.

*Com informações da repórter Nicole Fusco 

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