Pela primeira vez, USP expulsa aluno por fraude no sistema de cotas raciais

Pela decisão, o agora ex-aluno não pode se matricular novamente na universidade pelos próximos cinco anos

  • Por Jovem Pan
  • 14/07/2020 07h26 - Atualizado em 14/07/2020 07h58
Marcos Santos/USP Imagens O Coletivo Lélia Gonzalez de Negras e Negros do Instituto de Relações Internacionais da USP, responsável pelas denúncias, comemorou a decisão

Pardo, de ascendência negra e com baixa renda familiar: essas foram as características autodeclaradas pelo estudante Braz Cardoso Neto, de 20 anos, para concorrer a uma vaga no curso de relações internacionais da Universidade de São Paulo (USP). Após um longo processo de investigação, a USP concluiu nesta segunda-feira (13) que ele mentiu e decidiu pelo desligamento do jovem.

Esta é a primeira vez que a instituição cancela a matrícula de um aluno por fraude de cotas raciais e sociais, embora outros casos tenham sido abertos para apuração. Pela decisão, o agora ex-aluno não pode se matricular novamente na universidade pelos próximos cinco anos. Desde 2018, a USP reserva quase metade das vagas para estudantes de escolas públicas; dentro deste grupo, são aplicadas as cotas para candidatos que se autodeclaram pretos, pardos e indígenas. Não há, porém, uma banca avaliadora dentro da Universidade para verificar se as informações são verdadeiras.

O Coletivo Lélia Gonzalez de Negras e Negros do Instituto de Relações Internacionais da USP, responsável pelas denúncias, comemorou a decisão. Em nota, o órgão disse que essa é “uma vitória que abre espaço para muitas outras” e que “a Universidade deve pensar em novas formas de avaliar a implementação das cotas.” Segundo a USP, Braz Cardoso Neto teve espaço para se manifestar e se defender ao longo do processo, e ainda pode entrar com recurso contra a decisão.

*Com informações da repórter Letícia Santini

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