Vítimas de Roger Abdelmassih se unem contra João de Deus
Redes de vítimas de abusos sexuais acolhem mulheres que acusam João Teixeira de Faria, o João de Deus. De acordo com o Ministério Público de Goiás, mais de 300 pessoas registraram denúncias contra o médium de Abadiânia.
O número assusta e lembra o caso de Roger Abdelmassih. O ex-médico foi condenado a 181 anos de prisão por 56 casos de abusos e estupros em 39 pacientes que buscavam o especialista em reprodução assistida para se tornarem mães.
Com João, elas buscavam consolo espiritual e cura. Como no caso de Abdelmassih, as denúncias apontam que João de Deus também se valia da fragilidade das mulheres e da condição de superioridade dele para praticar os abusos.
Cinco dias após as primeiras denúncias, o médium se declarou inocente.
A escritora Teresa Cordioli, uma das mais antigas vítimas de Roger Abdelmassih, decidiu criar um grupo de apoio a mulheres que se sentiram abusadas por João de Deus. Para receber os relatos, ela conta com a ajuda de outras mulheres que se conheceram e se uniram por causa das denúncias de abuso envolvendo o ex-médico. É o caso da artista plástica Maria Silvia de Oliveira Franco, que integra a equipe de apoio.
Ela conta que antes das denúncias surgirem na imprensa, o grupo de apoio já havia recebido relatos de mulheres que se diziam abusadas por João de Deus. E que, inclusive, uma vítima relata que chegou a ser estuprada quando tinha apenas 11 anos.
O grupo intitulado “Vítimas de Assédio de João de Deus”, no Facebook, reúne mais de 80 pessoas.
A associação “Vítimas Unidas”, também formada por mulheres abusadas pelo ex-médico Roger Abdelmassih, recebeu denúncias contra João de Deus há três meses e integra a rede de apoio contra os abusos do médium.
Maria Silvia, que já viveu o terror do abuso e da denúncia, pede que as mulheres não tenham medo de denunciar.
Além dos canais de apoio, elas ressaltam a importância de denunciar para as autoridades. O MP de Goiás tem um canal exclusivo para denúncias do caso de João de Deus. É possível fazer o relato no e-mail: denuncias@mpgo.mp.gov
*Informações da repórter Marcella Lourenzetto
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