Vítimas e ativistas destacam esquecimento e abandono após dois anos do desastre de Mariana
Vítimas e outros envolvidos na recuperação do desastre do rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana, Minas Gerais, demonstram insatisfação e revolta com a demora em ações práticas.
Nesta quinta-feira (23), em audiência das comissões de Direitos Humanos e Minorias e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, na Câmara dos Deputados, em Brasília, Maria do Carmo Silva D’angelo, representante da Comissão dos Atingidos de Mariana, mostrou preocupação com esse esquecimento.
A ativista classificou a situação como revoltante, cheia de humilhação e preconceito: “isso é muito revoltante. Vamos esquecer que 20 pessoas morreram? Uma delas não teve sequer o direito de nascer e vamos esquecer?”.
Roberto Waack, Diretor-Presidente da Fundação Renova, que tem a missão de implantar os programas de reparação nos locais afetados, se disse insatisfeito com o andamento das coisas: “é evidente que dois anos após o rompimento da barragem a indenização precisava estar concluída, o reassentamento previsto para terminar em 2019 é evidente que pessoas ainda não estão morando nas suas casas. Mas o curso do processo é bastante complexo”.
Para Roberto Waack, o ciclo das indenizações e o reassentamento das pessoas é urgente.
Guilherme de Sá Meneghin, promotor de Justiça da Comarca de Mariana, apontou lentidão nos dois anos, com a falta dos direitos assegurados às vítimas.
O promotor destacou que a tragédia de Mariana é o maior crime dos últimos 30 anos do Brasil: “o que nós vemos foi uma renovação diária do desastre, confusão de discursos e violação de direitos humanos jamais vista neste País pelo menos depois da redemocratização. 19 pessoas morreram, mais um abortamento, comunidades inteiras destruídas”.
Em 5 de novembro de 2015, 19 pessoas morreram e 1.640 ficaram desabrigadas com o rompimento da barragem.
O impacto ambiental dos 34 milhões de metros cúbicos de lama contaminada com rejeitos da mineração afetou 39 cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo.
*Informações do repórter Fernando Martins
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