Weintraub: Protestos no Chile são uma forma de país não ‘virar Venezuela’

  • Por Jovem Pan
  • 23/10/2019 07h10 - Atualizado em 23/10/2019 11h05
HELOISA BALLARINI/ESTADÃO CONTEÚDO O ministro também criticou o processo de alfabetização no Brasil

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse, nesta terça-feira (22), que o acesso à ciência é um direito de todos e avaliou que os protestos no Chile são uma forma do país não virar uma Venezuela. Ele acrescentou que quem não sabe ler nem escrever “é escravo” e chamou de desastre a alfabetização no Brasil.

Para ele, os ídolos que serviram como referência no setor nas últimas décadas têm de ser tirados do pedestal. Ao fazer referência aos protestos no Chile, que acontecem desde a última quinta-feira (17), o ministro exaltou a necessidade de ampliar o acesso à ciência.

“A ciência não é burguesa, a ciência é a busca da verdade, e as universidades são o tempo da ciência. Esse pensamento totalitário da Escola de Frankfurt busca escravizar os povos. Não só no Brasil, é um movimento global, que há dois anos atrás, se eu falasse isso, diriam que eu era um fanático que acredita em teoria da conspiração. Mas essa semana a gente viu rebeliões em quase todos os países da América Latina. É sim um movimento. E maduro falando abertamente que faz parte do plano. Os países que não estão tendo rebelião nessa semana são os que já caíram sobre o jogo deles: Cuba, Venezuela e Bolívia”, avaliou.

Ao participar de um seminário sobre alfabetização, Weintraub reconheceu o fracasso brasileiro. Ele ressaltou que o país está praticamente atrás de todas as nações da América do Sul.

“Nós ficamos para trás de Colômbia, de Chile, Argentina, Uruguai, todos os países da América do Sul que fazem o PISA mostram que a educação e o ensino, a alfabetização no Brasil, é um desastre. Estamos empatados com o Peru. É um desestre. Os que se julgam sábios, supremos, são charlatões, porque se são responsáveis por esse resultado, a evidência empírica é o que eles fizeram de errado”, disse, lembrando que metade das crianças do terceiro ano é analfabeta.

O presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Anderson Ribeiro Correia, prometeu abrir programas para formação de professores e classificou  como indispensável o Plano Nacional de Alfabetização, lançado no começo do ano pelo governo.

“Teremos editais em breve, tralhando sempre a formação do professor. Não apenas a formação regular, mas com foco na alfabetização, que é a principal prioridade. A Capes atua em vários setores, desde a alfabetização, agora, por exemplo, até doutorado e pós-doutorado no exterior. Mas nunca podemos esquecer que a educação básica é o insumo da educação superior, porque se não temos crianças que conseguem ser alfabetizadas, elas não vão conseguir chegar no mestrado, no doutorado, e fazer uma pesquisa de qualidade para o país se desenvolver.”

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil tem mais de 11 milhões de pessoas que não sabem ler nem escrever.

*Com informações da repórter Camila Yunes

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