Zika trata tumor cerebral em cobaias; teste em humanos ainda não tem data definida

  • Por Jovem Pan
  • 27/04/2018 07h31
Reprodução/Flickr Aedes Aegypt Pela primeira vez foram feitos estudos em cobaias, no caso camundongos, que receberam tumores humanos e que, mais tarde, foram destruídos pelo vírus zika

O mesmo vírus que deflagrou uma emergência de saúde pública por conta de casos de microcefalia em fetos a partir de 2015 pode ser usado futuramente para tratamento de tumores cerebrais.

Pela primeira vez foram feitos estudos em cobaias, no caso camundongos, que receberam tumores humanos e que, mais tarde, foram destruídos pelo vírus zika.

Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, a bióloga molecular e geneticista, professora do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, Mayana Zatz, explicou que os testes humanos ainda não estão previstos, mas a expectativa é “muito boa”.

“Estamos muito entusiasmados porque a gente sabe que zika é quase inócuo em pessoas que já nasceram, ataca fetos. Segunda coisa é que não ataca neurônios. Então é outra boa notícia, porque se tem tumor no cérebro não ataca outras células saudáveis. Mas até ter testes clínicos precisa de muitos cuidados. Precisa cultivar vírus em condições especiais sem contaminantes”, disse.

Segundo Zatz, não há data definida para o teste em humanos, mas os resultados em camundongos já possibilitam vislumbrar essa possibilidade. “Mas faremos tudo que depende de nós para começar o mais rápido possível”, garantiu.

A bióloga explicou ainda que ficou constatado que o vírus da zika “gosta de células que dão origem aos neurônios cerebrais”, então, usando esse raciocínio, “vimos que valeria testar o vírus com esses tumores”.

“Primeiro passo foi infectar esses tumores com o vírus. E tinha pronto seis linhagens desses tumores. Três do sistema nervoso central e mais três sendo um de mama, um de próstata e um de intestino. Zika destruía só células de tumores do sistema nervoso central. Depois fizemos nos camundongos e esses em duas semanas morrem por conta do tumor. Então depois de instalar o tumor injetamos vírus da zika e observamos que em 30 animais houve regressão do tumor e em sete o tumor e as metástases sumiram completamente”, finalizou.

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