Como um terremoto na Bolívia foi sentido no Brasil?

  • Por Jovem Pan
  • 02/04/2018 16h08 - Atualizado em 02/04/2018 18h14
  • BlueSky
MARCELO CHELLO/CJPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Pessoas deixam prédios na Avenida Paulista, na região centro-sul de São Paulo, após relatos de tremores, na manhã desta segunda-feira, 02. Tremores foram sentidos em partes de Brasília e de São Paulo nesta manhã. Bombeiros foram chamados em várias partes da cidade por conta da ocorrência. A terra também tremeu no interior de São Paulo e em Estados do Sul do País. O tremor seria reflexo de um terremoto de magnitude 6,8 na Escala Richter que atingiu a região de Carandayti, na Bolívia, na manhã desta segunda, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês).

José Roberto Barbosa, técnico em sismologia do Centro de Sismologia Universidade de São Paulo, explicou como um terremoto na Bolívia foi sentido em diversas cidades brasileiras nesta segunda-feira (2).

O Centro na USP registrou o tremor na Bolívia, pois seus equipamentos integram a Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), que reúne diversas universidades no País e monitora todo o território nacional.

O terremoto de 6,8º na escala Richter foi registrado por volta das 10h40, horário de Brasília, na Bolívia, a cerca de 555 km de profundidade. As ondas de tremor se propagam por debaixo da terra e chegaram ao Brasil cinco minutos depois, segundo as medições.

“A propagação dessas ondas é elástica, em todas as direções, e parte delas passa aqui pelo território nacional (do Brasil) caminhando pela superfície já de uma maneira transversal”, explicou Barbosa em entrevista exclusiva ao Jornal Jovem Pan.

“Daí elas (ondas) encontram as estruturas dos prédios mais altos, que são mais profundas, e elas oscilam, mexem com essa estrutura ligeiramente e o prédio funciona como se fosse um pêndulo ao contrário, dando uma pequena vibrada”, disse.

“As ondas passam, mexem com a estrutura dele no interior da terra e as pessoas que estão no topo, nos andares  mais altos, são as que mais percebem essa oscilação”, esclareceu o técnico da USP.

“O meio (do edifício) não percebe, porque ele mexe como um todo. Se o prédio mexer no meio e não mexer em cima, ele quebra. O prédio tem uma frequência natural de vibração”, avaliou. “É como observar o pêndulo de um relógio”, comparou.

Como atinge estruturas mais profundas, casas térreas e prédios bem menores acabam não percebendo o tremor, destacou Barbosa.

A sensação que os efeitos de um terremoto tão distante geram entre os brasileiros é um “ligeiro enjoo, tontura, ou ‘águas de piscina'”, ressaltou.

A sensação dura poucos segundos e os pequenos tremores não são capazes de causar destruições, disse o especialista. Apesar disso, causam um susto nas pessoas, reconheceu.

Confira depoimentos de quem sentiu o tremor na Avenida Paulista, em São Paulo, e teve que deixar o prédio durante o expediente:

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.