Decisão de Trump sobre o aço custa para o Brasil e os EUA, diz presidente da AEB

  • Por Jovem Pan
  • 02/03/2018 16h32 - Atualizado em 02/03/2018 16h32
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EFE "Não adianta o Trump querer fazer uma volta ao passado. Se o mundo resolver se unir contra os EUA, os EUA vão sentir que o isolamento comercial para ele não é nada benéfico", disse José Augusto de Castro

José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), comentou em entrevista exclusiva à Jovem Pan o anúncio do presidente dos EUA Donald Trump de impor tarifa de 25% sobre a importação de aço e sobretaxa de 10% sobre as importações de alumínio.

Castro avalia que a medida pode gerar um impacto de US$ 300 milhões para o Brasil, uma vez que 35% das exportações brasileiras de aço se destinam aos EUA. O Brasil exporta US$ 790 milhões de dólares de aço para os norte-americanos.

“Isso significa menos emprego para o Brasil, mas vai significar para os EUA aumento de custos do produto americano”, avalia Castro. “Vai ter uma demanda maior do que a oferta e isso vai provocar uma alteração de preço (no mercado americano)”.

Além disso, o presidente da AEB avalia que “ele (Trump) está anulando parcialmente ou totalmente, dependendo do setor, o benefício tributário que foi feito recentemente”.

“As medidas que ele adota é como se existissem apenas os Estados Unidos. E isso não faz bem ao comércio”, disse Castro, lembrando que “o mundo é globalizado”.

“Não adianta o Trump querer fazer uma volta ao passado. Se o mundo resolver se unir contra os EUA, os EUA vão sentir que o isolamento comercial para ele não é nada benéfico”, disse. Para Castro, a China deve adotar alguma represália contra a medida de Trump. Já o Brasil “vai pensar duas vezes” antes de fazê-lo.

Haveria, porém, uma contrapartida positiva do isolamento de Trump.

“Nós seremos um grande candidato a receber o excedente de produção que não será colocado nos EUA pela China, Rússia e outros mercados”, ponderou. “Essa porta está aberta para o Brasil”.

“Esse ano, com crescimento esperado de 3%, isso vai demandar mais produtos importados e certamente mais aço”, disse. “Não é o recomendado porque nós temos produção local, mas é uma alternativa”.

“O mundo começa a ensaiar uma recuperação mais forte e uma decisão dessa do Trump pode fazer com que essa recuperação seja interrompida”, finaliza Castro.

Ouça a entrevista completa:

 

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