Desemprego norteia sensação do brasileiro em relação à economia, diz SPC
Levantamento do SPC Brasil divulgado nesta segunda-feira indica que 84% dos brasileiros avaliam que a condição atual da economia ainda é negativa. Mas o estudo aponta que 53% dos entrevistados estão otimistas com a possibilidade das finanças pessoais ainda em 2018.
A economista-chefe do SPC, Marcela Kawauti explicou em entrevista ao Jornal Jovem Pan nesta segunda-feira (15) por que a escala do otimismo dos brasileiros estava em 40,9 pontos em dezembro de 2017.
O levantamento é feito mensalmente com 800 consumidores e leva em consideração a economia em geral e as finanças particulares, assim como a expectativa para o futuro. Abaixo de 50, o índice aponta pessimismo, diz Marcela.
Apesar de as variáveis econômicas estarem saindo da maior crise que a gente teve nos últimos anos, a ‘sensação térmica’ do consumidor ainda é muito ruim”, explicou a economista.
Marcela Kawauti afirmou que, quando questionado sobre o porquê do pessimismo, o entrevistado cita, principalmente o desemprego. “A gente está saindo do fundo do poço e é um fundo do poço bem fundo. O consumidor demora para sentir a melhora no bolso”, ponderou.
Paradoxalmente, ao mesmo tempo em que o desemprego é a principal causa de avaliação negativa da economia, a perspectiva de se obter um emprego ou promoção neste ano é o que possibilita que mais da metade dos entrevistados esperem que 2018 seja melhor.
“A expectativa da melhor ado mercado de trabalho norteia os que estão mais otimistas”, avaliou a economista, projetando que, sim, “devemos ter um mercado de trabalho mais forte em 2018”.
Apesar da queda da inflação, 53% dos brasileiros ainda percebem um custo de vida muito alto.
A economista explicou que “os preços estão subindo em uma velocidade menor”, mas não há queda de preços. Além disso, “alguns itens mostraram uma alta relevante e pesam sobre o bolso do brasileiro”, como energia e combustível.
Ouça a entrevista completa:
Mais dados
Com a economia dando sinais mais claros de retomada, a confiança do consumidor encerrou o ano de 2017 de maneira estável. Dados apurados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostram que o ICC (Indicador de Confiança do Consumidor) concluiu o último mês de dezembro com 40,9 pontos, mantendo-se praticamente estável na comparação com o início do ano passado, quando o índice se encontrava em 41,9 pontos. A escala do indicador varia de zero a 100, sendo que abaixo de 50,0 pontos significa um predomínio da percepção negativa tanto com relação à economia como das finanças pessoais.
Um dos componentes que formam o Indicador de Confiança é o Indicador de Percepção do Cenário Atual, que mede a avaliação que os consumidores fazem do momento presente da economia e da própria vida financeira. Nesse caso, também houve estabilidade na conclusão do ano. O índice fechou dezembro de 2017 em 29,9 pontos, pouco acima dos 29,6 observado em janeiro, mas levemente abaixo dos 30,7 pontos que vigorava em novembro.
Em termos percentuais, 84% dos consumidores avaliam de forma negativa o atual momento da economia contra apenas 2% que a consideram boa. Outros 13% têm uma visão neutra a respeito. Quando o assunto se detém ao estado atual de sua própria vida financeira, a avaliação positiva é um pouco melhor e atinge 12% dos entrevistados, contra 43% de pessimistas e 45% dos que possuem uma visão neutra.
O desemprego ainda é o principal vilão daqueles que consideram suas finanças em momento crítico: 33% atribuem à desocupação a principal causa do pessimismo. A dificuldade em pagar as contas também pesa, igualmente citada por 33% da amostra. A queda da renda familiar ficou com 14%, ao passo que 13% tiveram algum imprevisto que acabou afetando as finanças de casa.
Chama a atenção que, considerando os consumidores que possuem uma visão particularmente positiva a respeito de suas finanças, metade (50%) deles atribui o bom momento ao controle que exercem sobre suas contas. Outros 10% disseram não sofrer problemas no orçamento porque contam com uma reserva.
Para os que avaliam mal o estado da economia, novamente, o desemprego (39%) é citado como a principal causa. Além disso, 30% reclamam dos altos preços e 20% se queixam das altas taxas de juros.
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