“Não há do que reclamar”, diz ministro da Educação após liberar verba a federais
O ministério da Educação anunciou nesta quarta-feira (29) que liberou 100% do orçamento de custeio (voltado à manutenção, luz, água e salário de terceirizados) às universidades federais. O repasse de R$ 1,023 bilhão tenta amenizar a crise nas instituições.
Em entrevista exclusiva ao Jornal Jovem Pan nesta tarde, o ministro da pasta, Mendonça Filho (DEM), disse que agora “não há do que reclamar”.
Por outro lado a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) contesta os cortes subsequentes no setor nos últimos anos. A Andifes lançou justamente nesta quarta (29) relatório que aponta as conquistas das federais e a “descontinuidade” do financiamento de universidades. “Em valores corrigidos monetariamente, o orçamento de custeio para 2017 das Universidades Públicas Federais correspondeu a, aproximadamente, 80% dos recursos de custeio alocados em 2014”, diz o relatório. “Aos cortes se somam contingenciamentos, que comprometem o planejamento institucional e a execução dos compromissos orçamentários e financeiros das universidades”, escreve a Andifes, que mostra que o orçamento proposto pelo governo para 2018 congela os gastos na área, o que dificulta ainda mais a a gestão das instituições de ensino.
“Não há crise de gestão, há falta de continuidade nas políticas de financiamento das universidades federais”, afirma o presidente da Andifes, Emmanuel Zagury Tourinho.
Já o ministro Mendonça Filho destaca a verba liberada que, para ele, é suficiente. “Desde o começo do ano dizemos que não haveria limitação nos recursos relativos ao custeio, ou seja, a manutenção das instituições federais ligadas ao Ministério”, afirmou.
“No ano passado, 2016, nós liberamos 100% do custeio, para a manutenção, e neste ano, 2017, nós repetimos a dose. Ou seja, não há do que reclamar”, disse Mendonça Filho.
“Não há como você colocar que haja dificuldades por parte de instituições em sua manutenção do dia a dia”, afirmou.
Além dos 100% de custeio, Mendonça garante que a pasta liberou “60% da disponibilidade de capital para recursos de investimentos”. “Retomando boa parte das 700 obras que, quando assumimos, estavam paralisadas”, disse.
“Educação básica no Brasil aumenta a desigualdade”
Questionado, o ministro da Educação também comentou a questão da desigualdade social no ensino básico e superior no Brasil.
“Vamos ter que buscar uma discussão do futuro das universidades no Brasil”, disse Mendonça. “Tenho uma tese, um lema, de que as universidades públicas não acolhem os mais pobres na proporção que deveriam”.
“Há uma inversão no Brasil: os mais ricos estudam nas universidades públicas, gratuitas, e os mais pobres buscam Fies para cursar uma universidade particular”, afirmou.
Para o ministro, a solução seria “atacar em duas frentes”: mais ingresso de pobres nas universidades públicas e mais investimentos na educação básica, pré-universitária.
“A educação básica no Brasil cria um fosso ainda maior entre os mais pobres e os mais ricos”, disse o ministro da Educação.
Ouça a entrevista completa:
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