Falta de informações sobre Kim Jong-un gera incógnita, diz coordenador de RI da PUC-SP

  • Por Jovem Pan
  • 29/08/2017 15h22 - Atualizado em 29/08/2017 15h28
Montagem - EFE e Divulgação Poggio lembrou ainda da forma que o líder asiático se consolidou no poder, que foi eliminando os seus potenciais adversários. Mas afirmou que Kim Jong-un deve ter consciência das consequências que uma guerra com os EUA geraria

Na madrugada desta terça-feira (29, horário local), o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, autorizou um disparo de um míssil balístico na direção do Mar do Japão. O lançamento cruzou o céu do País, mas acabou caindo no Oceano Pacífico, a pouco mais de mil km de Cabo Erimo, em Hokkaido. Após o caso, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que a atitude dos norte coreanos foi uma demonstração de “desprezo para países vizinhos e as Nações Unidas“, além de chamar a ação de inaceitável.

Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, o coordenador do curso de Relações Internacionais da PUC-SP, Carlos Gustavo Poggio, disse que a grande incógnita na relação entre Estados Unidos e Coreia do Norte é justamente a falta de informações sobre Kim Jong-un, que é um líder jovem e de um País totalmente fechado que se sabe muito pouco.

“Nós tentamos entender o Kim Jong-un através desses sinais que ele manda. Ou seja, qual é o sinal, o que ele está tentando comunicar com esse tipo de iniciativa (míssil sobre o Japão)?”, questionou.

Poggio lembrou ainda da forma que o líder asiático se consolidou no poder, que foi eliminando os seus potenciais adversários. Mas afirmou que Kim Jong-un deve ter consciência das consequências que uma guerra com os EUA geraria.

“Sabemos que ele é um líder capaz de tudo para se manter no poder. (…)E ele sabe que um ataque nuclear contra algum outro país vai significar a queda dele. Ele começa uma guerra nuclear, ele sabe que ele tem muito mais a perder do que os Estados Unidos. Então o que a gente aposta hoje em dia é nessa “racionalidade” do Kim Jong-un”, analisou Poggio.

Para o coordenador, do outro lado, Donald Trump já entendeu que uma guerra contra a Coreia do Norte trariam custos muito altos para os norte-americanos. Mas alertou que, mesmo assim, as ações provocativas dos asiáticos não são vistas com bons olhos pelo republicano.

“Essas provocações, ainda diante de um presidente norteamericano pouco testado, do qual também se sabe pouco em termos de comportamento, tornam a situação, certamente, bastante tensa”, disse.

Guerra Fria

O coordenador da PUC-SP fez uma comparação da situação atual entre os dois países com o que se passou na época da Guerra Fria. Naquele período, os americanos tinham armas nucleares, além de União Soviética e China, nações com regimes totalitários e que também possuíam armamento do tipo. Poggio lembra que os Estados Unidos conviveu com ambos.

“foi possível a convivência com países com armas nucleares. Só que há um porém: os líderes chineses e soviéticos, o Stalin e o Mao Tsé-Tung, eles eram líderes, apesar de serem totalitários, bastante prudentes. (…) A questão que se coloca é se o Kim Jong-un vai ter a mesma qualidade. Se nós vamos observar no Kim Jong-un a mesma prudência de outros líderes totalitários”, explicou Poggio.

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